Coluna: Carlos José Marques

Carlos José Marques é diretor editorial da Editora Três

Esquema deplorável antivacina do Butantan

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Foto: AFP/Arquivos

O Governo Bolsonaro começou a armar um jogo de cartas marcadas. Irritado com a acusação de ser responsável pelo atraso na vacinação dos brasileiros, o presidente quer agora posar de grande redentor da vacina e o Ministério da Saúde, junto com a Anvisa, parecem colaborar nesse sentido. Um certo esquema de catimba e procrastinação do aval da Anvisa à Coronavac entrou em prática hoje e começou a ganhar corpo com tratamentos desiguais a processos de aprovação já neste final de semana.

Enquanto a vacina da Fiocruz teve seu pedido de uso emergencial rapidamente aceito, sem qualquer tipo de exigência adicional, a vacina do Butantan foi inicialmente barrada por – argumenta a Anvisa – “falta de alguns dados”. Foram entregues mais de dez mil páginas do estudo na solicitação, mas eles encontraram o que pode se chamar de “pêlo em ovo”. Absoluta lorota política.

Seriam meras formalidades o que falta na Coronavac, mas com esse pedido de tempo do juiz Anvisa a intenção é colocar a vacina de Oxford – defendida por Bolsonaro – na frente. Auxiliares do Planalto já apontam que a presidência quer fazer o maior carnaval de marketing, com exibições do mandatário anunciando o início da vacinação propagandeando o imunizante de Oxford (que terá menos de duas milhões de doses inicialmente) para que isso represente uma vitória do “mito” sobre o rival João Doria, governador paulista que pilotou diretamente o trabalho para a celeridade da vacinação no País com o imunizante do Butantan.

Nos últimos dias, DORIA teve uma acachapante vitória nesse campo da saúde, ao mostrar resultados extremamente promissores da Coronavac. O Brasil já podia estar vacinando, mas a Anvisa – tomada pela politicagem e aparelhada pelo capitão do Planalto – insiste em adiar o jogo para beneficiar o inquilino do Planalto. Um pena e prática criminosa diante do caos sanitário que o País vive.

Que a Anvisa não cometa essa mancha na sua reputação técnica prorrogando indevidamente uma aprovação que o Brasil inteiro urge para que seja o mais breve possível.