Esposa do presidente espanhol recorre de acusação por peculato

Begoña Gómez, esposa do presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, recorreu, nesta quarta-feira (1º), da decisão de um juiz de solicitar seu julgamento por um júri popular por peculato, de acordo com um documento ao qual a AFP teve acesso.

“Não há indícios probatórios” de desvio de fundos públicos, afirmou o recurso apresentado pelo advogado de Begoña Gómez.

Gómez é uma cidadã “particular” que não pode ser “considerada funcionária pública” e, por não sê-lo, não pode ser acusada do crime de peculato, continuava o documento.

O juiz Juan Carlos Peinado considera que uma funcionária contratada pelo gabinete da Presidência trabalhou para Gómez em suas atividades privadas, pelo que considera que ela poderia ter cometido uma irregularidade.

Gómez, que compareceu várias vezes perante o juiz Peinado, afirmou em uma audiência em 10 de setembro que apenas pediu “pontualmente” à funcionária Cristina Álvarez que “enviasse alguma mensagem”, mas insistiu que “nunca” a ajudou em suas atividades profissionais.

O fato de que, nessa audiência, Gómez tenha aceitado responder apenas às perguntas de seu advogado “não pode ser considerado como um indício da prática do crime”, afirmou o recurso apresentado nesta quarta-feira.

No sábado, Gómez não compareceu à última intimação feita pelo magistrado, invocando o seu direito de ser representada pelo seu advogado.

Além deste caso, o magistrado também investiga desde abril de 2024 se Gómez se aproveitou do cargo do marido em seus negócios privados, o que poderia constituir crimes de corrupção e tráfico de influência.

Este caso provocou um forte impasse entre o Ministério Público, que solicitou o seu encerramento, e o juiz, e gerou irritação em Pedro Sánchez, que manteve o país em suspense durante vários dias em abril de 2024, enquanto se debatia se ele iria renunciar, o que acabou por não acontecer.

Além de sua esposa, várias pessoas do seu círculo estão na mira da justiça, a começar por seu irmão, que será julgado em breve por tráfico de influência.

“O tempo colocará as coisas em seu devido lugar. Cabe a nós defender a verdade (…) e a verdade é que meu irmão e minha esposa são inocentes”, afirmou Sánchez na semana passada, que em setembro acusou alguns juízes de estarem “fazendo política”.

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