NOVA YORK, 18 SET (ANSA) – Soon-Yi Previn, esposa do diretor Woody Allen, quebrou décadas de silêncio sobre sua relação com o cineasta e defendeu seu marido das acusações de abuso sexual, em entrevista à revista “New York”.   

Todo o caso gira em torno de Dylan, filha adotiva de Allen com Mia Farrow e que alega ter sido molestada sexualmente pelo pai quando tinha sete anos. Dylan veio a público falar sobre o assunto pela primeira vez em 2014, em carta aberta ao jornal “The New York Times”. Já em dezembro de 2017, questionou o motivo de Allen ter sido poupado após o estouro das acusações do #MeToo.   

O diretor sempre negou o abuso e afirma que, quando a alegação foi feita, há mais de 25 anos, Dylan “passou por investigação na Clínica de Abuso Sexual Infantil do Hospital de Yale-New Haven, onde concluíram que não houve” crime. Allen alega ainda que Dylan foi treinada por sua mãe para contar essa história, já que ela estava irritada com a separação e com o relacionamento de Allen com Soon-Yi, filha adotiva de Farrow com André Previn.   

Na entrevista à revista “New York”, a mulher do cineasta afirmou que ele foi tratado injustamente pelo movimento #MeToo e que as acusações da meia-irmã fazem parte de uma armação.   

Soon-Yi acusa Farrow de ter tratado os filhos como escravos e de ter sido violenta com eles em diversas situações. “Ela atirava blocos do alfabeto em mim quando eu errava as palavras.   

Pegava-me pelos pés para que o sangue fosse na minha cabeça e isso me fizesse mais inteligente”, disse a mulher de Allen.   

Ela tinha 21 anos quando começou a relação com seu atual marido, 35 anos mais velho. Farrow e e Previn adotaram Soon-Yi em um orfanato de Seul, na Coreia do Sul, em 1977. A esposa do cineasta diz que existia uma “hierarquia” entre os filhos adotivos e que a mãe privilegiava “a inteligência e o aspecto, olhos azuis e cabelos loiros”.   

Hoje com 47 anos, ela deu a entrevista para Daphne Merkin, que desde os anos 1990 é amiga e fã do diretor. A reação de Ronan Farrow, único filho biológico do cineasta com a atriz e que venceu um Pulitzer por denunciar os abusos sexuais cometidos pelo produtor Harvey Weinstein, foi imediata.   

Ele achou a entrevista com Merkin “um insulto à ética jornalística” pelo fato de ter sido feita com uma amiga de seu pai. A conversa foi conduzida na residência do casal, na presença de Allen, e chegou depois de uma série de sinais que fazem pensar que a carreira do diretor tenha acabado por causa do #MeToo.   

Nos últimos meses, diversos atores, entre os quais Michael Caine, Timothée Chalamet, Greta Gerwig e Colin Firth, expressaram remorso por ter trabalhado com Allen. (ANSA)