A esposa do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), Rebeca Ramagem, fez uma publicação nas redes sociais neste domingo, 23, sobre a fuga da família para Miami, nos Estados Unidos.
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O parlamentar foi condenado a 16 anos de prisão por tentativa de golpe de Estados após as eleições de 2022. De acordo com as investigações, ele deixou o Brasil em setembro deste ano — mesmo mês em que a Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) julgava o chamada “núcleo crucial” da trama golpista.
Devido à fuga, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão de deputado. Ele viajado de avião para Boa Vista (RR), de onde partiu de carro, em uma viagem clandestina em direção à fronteira;
A Polícia Federal investiga se rota de saída teria ocorrido pela fronteira com a Venezuela ou com a Guiana, com um carro alugado em Boa Vista, visto que os dois países fazem fronteira com o estado de Roraima.
Na publicação, Receba afirma que chegou aos Estados Unidos com a filha “há uma semana” e “com o único propósito: proteger a minha família”.
Além do texto, a esposa de Ramagem divulgou um vídeo em que mostra as filhas do casal se reunindo com o pai no aeroporto. As imagens indicam que a família e o parlamentar viajaram em momentos diferentes.
“Hoje, infelizmente, não encontramos no país a garantia de uma justiça imparcial. Somos vítimas de lawfare e temos enfrentado uma perseguição política desumana”, disse na publicação.
Condenação no STF
Alexandre Ramagem foi condenado pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado democrático de direito e golpe de Estado. A ação penal contra ele por crimes de dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado foi suspensa pela Câmara. Além da pena de prisão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, o STF determinou que Ramagem perca o mandato parlamentar e o cargo de delegado da Polícia Federal.
A Primeira Turma do STF acolheu por 4 votos a 1 a acusação da PGR contra Ramagem, segundo a qual o deputado municiou Jair Bolsonaro com elementos para questionar a legitimidade das urnas eletrônicas e das eleições no Brasil. A PGR sustentou que os ataques de Bolsonaro à democracia brasileira, que envolveram articulações para aplicar um golpe de Estado no final de seu governo, começaram ainda em 2021, com discursos do então presidente deslegitimando o processo eleitoral — inclusive o que o elegeu, em 2018.
A condenação de Alexandre Ramagem pelo STF teve como provas de sua atuação na trama golpista três documentos apreendidos com ele pela Polícia Federal. Esses arquivos listavam argumentos para atacar as urnas eletrônicas. Um deles chegava a sugerir que Jair Bolsonaro usasse a AGU (Advocacia-Geral da União) para impedir que a PF fosse obrigada a cumprir decisões do STF.
A denúncia da PGR também apontou Alexandre Ramagem como comandante da “Abin paralela”, estrutura que operava dentro da agência de inteligência do governo durante a gestão Bolsonaro subsidiando ataques virtuais e notícias falsas contra adversários. A “Abin paralela” também monitorava alvos por meio de um programa que permitia o acesso à localização de dispositivos móveis de alvos em tempo real.
A defesa de Alexandre Ramagem negou as acusações da PGR e argumentou que a radicalização no discurso do governo Bolsonaro apontada pela denúncia teria ocorrido quando ele já não ocupava mais nenhum cargo na administração federal. Ramagem saiu do governo em março de 2022 para se candidatar a deputado.