A escalada esportiva vem se destacando no cenário competitivo e, recentemente, entrou no cronograma olímpico e estará em Paris-2024. Por envolver uma série de habilidades, como força, equilíbrio, velocidade, precisão e disputas emocionantes, a escalada passou a ganhar notoriedade.

Esse é um esporte que não tem uma datação muito precisa a respeito do seu surgimento. A prática de escalada, como subir morros e montanhas, é de milhares de anos atrás e sempre foi utilizada como forma de sobrevivência.

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Entretanto, o esporte, como conhecemos atualmente, começou a ser desenvolvido durante a segunda metade do século XIX. Os primeiros torneios oficiais só apareceram no século seguinte.

A primeira competição de escalada esportiva em rocha natural foi realizada na Itália em 1985. Um ano depois, na França, ocorreu a primeira competição indoor. 

O esporte, em Olimpíada, ocorre no modelo indoor, em um ginásio específico. A disputa consiste na realização de percursos com obstáculos e pontos de apoio para a subida, naturais ou artificiais. O objetivo final varia de acordo com o tipo de prova que esta sendo disputada. 

Histórico escalada na Olimpíada

A história da escalada na Olimpíada é bem recente. O processo de inclusão da escalada nos Jogos Olímpicos começou em 2006, com a criação da Federação Internacional de Escalada.

Entretanto, para que o esporte fosse incluído no calendário, era necessário alguns requisitos, como o reconhecimento da modalidade como esporte pelo COI e a comprovação da popularidade da prática pelo mundo.

Esses requisitos só foram cumpridos oficialmente em 2010 e o COI colocou, naquele momento, o esporte como potencial olímpico. A entrada da modalidade no calendário das Olimpíadas só foi concluída anos depois, para a disputa dos Jogos de Tóquio-2020.

Dessa maneira, a escalada fez a sua estreia na competição apenas na última Olimpíada.

Em Tóquio, a escalada fez sua estreia com  um evento, o combinado masculino e combinado feminino. O disputa consistia na realização de três provas, em que os mesmos atletas competiam e as  pontuações finais eram obtidas através dos resultados nessas provas, que são elas:

  • Boulder (bloco): os atletas escalam paredes de 4,5m de altura sem cordas em um período limitado de tempo e com o menor número de tentativas possíveis
  • Speed (velocidade): corrida contra o relógio em rodadas de eliminação, um contra um.
  • Lead (dificuldade ): os atletas sobem o mais alto que conseguirem em uma parede de mais de 15m de altura em seis minutos sem ter visto o percurso antes.

No combinado masculino, o ouro ficou com o espanhol Alberto Ginés López, a prata com estadunidense Nathaniel Coleman e o bronze com o austríaco Jakob Schubert. Já no feminino a eslovena Janja Garnbret levou o ouro e as japonesas Miho Nonaka e Akiyo Noguchi levaram a prata e o bronze, respectivamente.

Escalada esportiva nos Jogos de Paris-2024

Em Paris-2024 a escalada esportiva fará sua segunda aparição em Jogos Olímpicos, e vem com mudanças. O evento do combinado masculino e feminino será representado apenas pelo boulder e pelo lead. 

Devido ao sucesso da prova de velocidade, ela se tornará, em Paris, um evento próprio, valendo pódio. Dessa maneira, o número de medalhas subirá de 6 para 12 na próxima Olimpíada.

No total, serão 68 atletas na escalada em Paris, 28 a mais do que em Tóquio. Para a disputa do combinado boulder-lead, 40 atletas (18 masculino e 18 feminino) tentarão subir ao pódio. Já no speed, 28 atletas (14 masculino e 14 feminino) estarão na disputa.

O formato de classificação para Paris é mais simples do que na maioria dos esportes olímpicos. Entretanto, as vagas serão designadas para os eventos boulder-lead e speed de maneira semelhante, mudando apenas a quantidade de vagas distribuídas em cada evento. Confira:

Speed

Para o Speed, duas vagas (uma para cada gênero) serão distribuídas ao país sede (França). Mais duas vagas são designadas por universalidade. As 24 vagas restantes foram ou ainda serão alcançadas da seguinte maneira:

  • Mundial de Escalada Velocidade – Berna (Suíça), agosto de 2023 – quatro vagas.
  • Campeonatos Continentais de Velocidade – setembro a dezembro de 2023 – 10 vagas.
  • Pré-OIímpicos de 2024 – março a junho de 2024 – 10 vagas

Combinado Boulder-lead

No boulder-lead 2 vagas serão do país sede e 2 pelo princípio de universalidade, sendo uma para cada gênero em cada uma das categorias. As outras 36 vagas foram ou serão conquistadas desse modo:

  • Campeonato Mundial de Escalada Esportiva ISF (B&L) – Berna (SUI), agosto de 2023 – seis vagas
  • Classificatórias continentais ISF (B&L) – set-dez 2023 – 10 vagas. 
  • Pré-Olímpicos – março-junho de 2024 – 20 vagas

Em cada um dos dois eventos, um máximo de quatro atletas  por Comitê Olímpico Nacional (dois homens e duas mulheres) podem ser classificados.

O torneio de escalada em Paris-2024 acontecerá entre os dias 5 e 10 de agosto em Le Bourget, ao norte de Paris. A final do evento de velocidade acontece nos dias 7 (feminino) e 8 (masculino). Já as finais do boulder- lead será definida nos dias 9 (masculino) e 10 (feminino).

Escalada brasileira em Olimpíada

O Brasil ainda não teve participações em Jogos Olímpicos. Na Olimpíada de Tóquio, 19 CONs conseguiram se classificar para o torneio, mas o Brasil não obteve os resultados necessários para a classificação.

Para Paris, o Brasil também não tem mais chances de classificar atletas para a competição. O país não conseguiu bons resultados no Pan-Americano de Santiago em 2023 e também não obteve os resultados necessários para levar atletas para a disputa do Olympic Qualifier Series, últimos eventos que marcam pontos para o ranking classificatório. 

Por ser um esporte olímpico novo, com menos de 15 anos como modalidade com potencial olímpico, é natural que o Brasil ainda tenha dificuldades para levar atletas para os Jogos. Contudo, é uma modalidade que vem crescendo no país e alguns atletas começam a se destacar, como Rodrigo Hanada, Felipe Ho, Anja Kohler e Bianca Castro, e a esperança de classificação segue para os próximos ciclos olímpicos.