A primeira rodada da Champions League de 2024-25 ainda não terminou, mas já despertou grande indignação em jogadores, treinadores e até mandatários de ligas. As mudanças realizadas pela Uefa no formato incharam o calendário, aumentando a quantidade de jogos, e desagradaram boa parte dos atletas.

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Oito jogos no estágio inicial, agora denominado “fase de liga”. Aumento de vagas e, consequentemente, mais viagens e mais distâncias percorridas. Inclusão da fase de 16 avos para quem não passar entre os oito melhores. Razões que resultaram em um levante dos jogadores, que estudam uma greve no futebol europeu.

Há alguns anos atrás, os gigantes do Velho Continente se juntaram para a criação da Superliga Europeia. A justificativa das potências era colocar o poder nas mãos dos clubes. Para tentar ganhar aprovação pública, apresentavam argumentos que poderiam até convencer os mais vanguardistas: maior quantidade de clássicos, maiores rendas e lucros aos times participantes. Isso lhe parece comum?

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A Uefa se sentiu ameaçada à época, mas os aficionados mais conservadores entendiam que a mística da Champions League deveria ser respeitada. A música, o clima, a magia. Respaldada, a entidade entendeu que precisaria mudar suas estratégias. As mudanças tiraram a magia do sorteio, das bolinhas e até dos dérbis no mata-mata. A canção da orquestra que fazia as tardes de terça e quarta mais especiais foi alterada. E agora, o clima na Europa é de tensão.

Carvajal, Rodri, Koundé, Willi Orbán e até o presidente de La Liga, Javier Tebas, falam em paralisação no continente. Um salto de 13 para possíveis 17 jogos, necessitando das semanas de janeiro para o fim da fase de liga. Em adição, o Super Mundial de Clubes entrará no calendário oficial em 2025. Para quem disputou Eurocopa ou Copa América, tempo de descanso reduzido. Sucessão de empecilhos que, de fazer o simbolismo da Liga dos Campeões crescer, quebra o elo com aqueles que sustentam a beatitude da competição.

✅ PRINCIPAIS MUDANÇAS NA CHAMPIONS

Fim da fase de grupos e adoção da fase de liga, com classificação geral
32 para 36 clubes
Adoção da fase de 16 avos (9º ao 24º disputarão)
Semanas de descanso para os oito melhores colocados
96 para 144 jogos na fase de liga

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A grande produção para a temporada 2024-25 foi por água abaixo antes do fim da jornada inicial. O destrato aos protagonistas do espetáculo e a ausência de ouvidos para escutar o que os clubes tinham a oferecer bastou para que os jogadores, que tanto batalham para ter seu nome escrito na história da Champions, virassem as costas como uma ameaça. A Uefa, contra as cordas, só não aprende a lição se não quiser.

O recado, mesmo que concebido em terras distantes, serve também à América do Sul. Conmebol e CBF precisam abrir o olho, pois o vilipêndio atual aos atletas, a qualquer hora, gerará problemas.

Na mania de copiar tudo que vem da Europa, nos conformamos com a ausência de identidade. Na mania de copiar tudo que vem da Europa, o Brasil tem péssimos resultados: inúmeras lesões, fisiologia comprovando desgastes pela quantidade de jogos e a nítida desveneração mundial para com a Seleção. Na mania de copiar tudo que vem da Europa, não se pode duvidar de uma greve no futebol brasileiro. Que as lições também sejam aprendidas por aqui.