Uma companhia espanhola de “toureiros anões” apresentou seu espetáculo na França, após ter sido proibido em seu país.

O membros da ‘Diversiones en el ruedo’ (Diversões na arena) apresentaram esquetes e cenas cômicas com e sem animais e trocaram de figurino várias vezes, em meio a risos e aplausos dos 650 espectadores em Téthieu (sul), cidade de 850 habitantes perto da fronteira espanhola.

“É um espetáculo cômico, não tem sangue nem execução, só paródia”, diz Daniel Calderón, coordenador da companhia de 11 artistas.

Há apresentações semelhantes em outros países, como Colômbia, República Dominicana, Peru, Brasil, México e até Estados Unidos, mas a tradição tende a desaparecer.

– “Gostamos de fazer isto” –

O Parlamento espanhol, com o apoio da esquerda e da direita, aprovou no dia 27 de abril uma lei que proíbe os espetáculos de “toureiros anões” e todos aqueles considerados humilhantes para pessoas com deficiência.

Para Calderón, esta proibição “é uma falsa defesa, usada por pessoas que simplesmente não querem touradas”.

O Parlamento baseou-se em atuações, “nas quais pessoas com deficiência são utilizadas (…) para despertar a chacota, a ridicularização em público”.

A lei aprovada pelo Congresso foi contestada e continua sujeita a interpretações.

Paul Muñoz, de 31 anos, dez no mundo das touradas, denuncia “uma injustiça porque ninguém pediu a nossa opinião”.

“Nós gostamos de fazer isto, é o nosso trabalho”, ele insiste.

– “Contraproducente” –

Para Violette Viannay, presidente da associação francesa de pessoas de baixa estatura, que trabalha “para promover uma maior inclusão”, este tipo de espetáculo é “contraproducente”.

Viannay destaca que o nanismo está longe de ser “apenas uma questão de tamanho”. E lembra que “além das dificuldades de acessibilidade, pode causar graves problemas de saúde”.

A autoridade francesa responsável pelas pessoas com deficiência, Fadila Khattabi, considera que “embora todos sejam livres para participar ou não destas apresentações, a zombaria e a discriminação contra as pessoas de estatura baixa são parte de uma história centenária que devemos encerrar”.

“Considerar o nanismo como fonte de entretenimento é um problema e é urgente repensar coletivamente essa representação”, afirma.

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