‘Espero um semestre mais quente’, diz Teixeira sobre polarização na Câmara de SP

Ricardo Teixeira minimizou potenciais crises, vê diálogos construídos nos bastidores, mas avalia debates quentes com segundo turno de pautas-bombas na Casa

Ricardo Teixeira Mototáxi
Presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, Ricardo Teixeira (União Brasil), em entrevista à ISTOÉ Foto: Leonardo Monteiro/ISTOÉ

O presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, Ricardo Teixeira (União Brasil), minimizou a polarização no Legislativo municipal e disse esperar elevação das temperaturas internas neste segundo semestre. Em entrevista à ISTOÉ, Teixeira afirmou ser bom o diálogo entre vereadores da base e da oposição, mas avaliou que o debate de pautas em segundo turno deve intensificar os debates no plenário.

A eleição de 2024 trouxe consigo uma das Câmara dos Vereadores mais polarizadas da história. Logo no primeiro dia de trabalho, na posse dos parlamentares, vereadores do PL e do PSOL trocaram ofensas e provocações no plenário.

O cenário difere em relação às últimas legislaturas, que não retratavam a polarização que atinge o país desde pelo menos 2016. Teixeira, no entanto, não vê essa diferença e avalia um primeiro semestre tranquilo e com entendimento entre esquerda e direita na Casa.

“Tenho visto um bom entendimento fora do plenário. Os vereadores conversam entre si, discutem. No plenário, lógico, sobe um pouco a temperatura por causa da posição de cada um. Eu falo que tudo será votado, pautado e discutido, mas não se pode partir para a agressão e nem o limite da agressividade verbal contra seu opositor”, afirmou.

Os primeiros meses da nova legislatura ficou marcada pela briga entre um sindicalista e o vereador Lucas Pavanato (PL) no plenário da Casa durante uma audiência pública sobre a regulamentação do serviço de mototáxi em São Paulo. Na ocasião, Pavanato chamou o presidente do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Moto-Taxistas de São Paulo (Sindimoto-SP), Gilberto Almeida dos Santos, de ‘pelego’, gerando uma troca de socos e empurra-empurra generalizados. Ambos foram à delegacia, mas o caso não avançou nas esferas judicial e legislativa.

Para Teixeira, o caso foi pontual e discutido internamente entre os vereadores. No decorrer do primeiro semestre, de acordo com ele, já era esperado uma tranquilidade devido ao acordo para votar os projetos apenas em primeiro turno. Com as votações em segundo turno, o presidente da Câmara espera debates mais acalorados, mas acredita que as polêmicas serão dribladas nos bastidores.

“Eu espero o segundo semestre um pouco mais quente, porque vamos entrar na votação dos projetos em segundo turno. Quando o clima esquenta, vamos para o refeitório, e ali não tem regra, pode-se falar o que quiser. Mas sou uma pessoa que gosta de conversar e chamo todos para dialogar”, ressaltou Teixeira.

Um dos projetos que deve intensificar os debates é o que vende uma rua dos Jardins ao setor imobiliário por R$ 16 milhões. O projeto foi enviado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) no mês passado e as audiências públicas já foram iniciadas.

Ricardo Teixeira não vê problemas na venda e defende a evolução da cidade. O presidente da Câmara reforçou que outras ruas foram vendidas para a construção de grandes empreendimentos e vê a ação da prefeitura como “natural”.

“É a primeira rua que vai ser vendida? Não. Isso é natural e está na lei. Se a prefeitura entende que ali pode vir um novo empreendimento para desenvolver a cidade, não há problemas. Isso é feito há centenas de anos na cidade”, disse.

“Dos seis mandatos que estou lá, sei lá quantos projetos desse tipo aprovamos. Mas tem que ter o respeito do Plano Diretor, a lei de zoneamento. A cidade cresce. Se tem um quadrilátero formado por duas ou três vilinhas, não que devam, mas que podem ser retiradas do local e levantar um novo empreendimento, não há de inadequado. Isso é a evolução da cidade”, reforçou.