A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de São Francisco, Mary Daly, afirmou nesta quinta-feira, 29, esperar que a inflação continue a desacelerar de modo gradual nos Estados Unidos, mas ressalvou que “ainda não estamos” no cenário que permita cortes nos juros. Em entrevista à Bloomberg TV, ela disse que não quer ser lenta em demasia e só reduzir as taxas quando a inflação estiver na meta de 2%, pois isso causaria “uma piora econômica desnecessária”.

Com direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Daly traçou um quadro de maior equilíbrio na economia, com empresas dizendo a ela que não continuarão a elevar preços e empregados satisfeitos com avanços mais contidos no salário, por não acharem que a inflação seguirá elevada. Ao mesmo tempo, o Produto Interno Bruto (PIB) “está vindo tão forte” e não há risco iminente de perda de fôlego da economia.

Daly disse que está atenta ao quadro, por considerar que o Fed “foi um pouco lento” para ajustar a política enquanto a inflação acelerava. Neste momento, os juros “estão em uma boa posição”, avaliou. Ela comentou que uma inflação arraigada seria fator negativo e o Fed quer evitar isso, mas também disse que não há a intenção de segurar demais os juros e ver a economia piorar.

“Somos dependentes dos dados e somos ágeis”, afirmou Daly. Para ela, os riscos de alta e de baixa para os preços estão agora “equilibrados”. Não há sinais de retomada até o momento, considerou. Ela ainda citou que o setor de habitação “parece desequilibrado”, com mais demanda que oferta, o que tende a apoiar os preços, mas acrescentou que monitora como esse processo se desenrola. “Não olhamos o nível, mas os padrões”, disse.

Resiliência bancária

A presidente da distrital de Cleveland do Federal Reserve (Fed), Loretta Mester, não comentou sobre política monetária e perspectiva de juros em seu discurso desta tarde, na Universidade de Columbia.

Enquanto analisava a resiliência bancária dos Estados Unidos, a banqueira central disse que é favorável a testes obrigatórios aplicados a bancos sobre janelas de descontos. Além disso, ela defendeu que as instituições financeiras devem receber incentivos para escolher fontes de financiamento menos arriscadas.

“Na minha opinião, nos bancos maiores, os atuais padrões mínimos de capital ainda estão abaixo do nível em que um aumento seria contraproducente” disse, destacando que pode haver aumento das exigências de capital.