Será possível embarcar em um cruzeiro em agosto? O setor ainda aguarda a retomada este mês da temporada no hemisfério norte, mas com o fechamento dos portos e as novas restrições sanitárias, navegar parece complicado.

O Mediterrâneo tinha grandes expectativas devido à situação relativamente estável da pandemia na Europa no início do verão. A reabertura dos seis principais portos gregos em 1o de agosto soou como a sirene de um navio prestes a zarpar.

Mas, na segunda-feira, a número um do setor, Carnival Cruise Line, decidiu adiar suas primeiras viagens que estavam previstas para esta semana, devido à falta de sinal verde da Itália.

No mesmo dia, o armador norueguês Hurtigruten suspendeu seus cruzeiros de expedição após descobrir dezenas de casos de coronavírus em um de seus navios. A Noruega impôs restrições aos cruzeiros em sua costa.

Mas Costa Cruceros e MSC Cruceros, os dois principais armadores na Europa, não se rendem.

“Estamos preparados, trabalhamos muito”, afirmou na terça-feira o chefe do MSC Cruceros, Gianni Onorato, em uma coletiva de imprensa para apresentar seus novos protocolos de saúde.

“Estamos aguardando o sinal verde das autoridades italianas”, acrescentou, dizendo que espera poder anunciar “boas notícias em breve”.

– Resposta sanitária –

“Os poucos sinais vislumbrados indicam a segunda quinzena, ou até a última semana de agosto”, declarou à AFP Erminio Eschena, presidente da Clia France, a associação que reúne os principais armadores.

Enquanto isso, as empresas trabalham sem parar nos protocolos de saúde, divulgados no início da semana.

Os cruzeiros tentaram antecipar cada detalhe com verificações repetidas, tanto com a tripulação como com os passageiros e equipamentos médicos reforçados.

“O estado de saúde é monitorado com medições diárias da temperatura e com testes de diagnóstico feitos todo mês em todos os membros da tripulação”, explica Costa Cruceros.

“A distância física será possível graças à redução de 70% da capacidade global de passageiros a bordo” e “os eventos de entretenimento foram repensados para criar grupos menores”, detalha a MSC Cruceros.

No entanto, diante da COVID-19, mais propensa a se espalhar em espaços fechados, é preciso convencer as autoridades nacionais mais relutantes.

“Este setor representa um risco evidente […]. E afeta mais um público de pessoas idosas, os mais frágeis”, disse à AFP Didier Arino, diretor-geral da empresa especializada Protourisme.

“Para este setor, […] é difícil imaginar uma verdadeira retomada enquanto não houver uma vacina”, estima.