PROMISSOR Claudio Lottenberg: “produto sintético que reproduz o tecido humano é uma grande notícia” (Crédito:Divulgação)

A visão é responsável por 80% das informações que recebemos. Jamal Furani, de 78 anos, passou a última década sem receber essas informações: ele ficou cego. No mês passado, o israelense comemorou uma vitória da ciência: graças ao primeiro transplante de córnea artificial da história, Jamal voltou a ver. A cirurgia aconteceu no Rabin Medical Center, em Israel, e ele se recuperou rapidamente: logo após a remoção dos curativos, imediatamente conseguiu ler e reconhecer os familiares que o acompanhavam. A córnea artificial foi produzida por um sofisticado processo de engenharia química em nanoescala que estimulou o crescimento celular e sua integração contínua ao tecido conjuntivo, a parte branca do olho.

O cirurgião oftalmologista Claudio Lottenberg, presidente do Conselho do hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde, explica que a córnea humana é semelhante à lente de uma máquina fotográfica, onde o foco é ajustado para que a pessoa possa ver com nitidez. “Se há algum problema na córnea, a visão fica embaçada, arranhada”, explica. Segundo a Organização Mundial de Saúde, há trinta milhões de pessoas cegas no mundo devido a problemas na córnea. No Brasil, a fila para o transplante tem mais de sete mil pessoas.

A startup israelense CorNeat Vision, responsável pelo produto, já concluiu a fase pré-clínica. Segundo o pesquisador Gilad Litvin, inventor da córnea artificial, órgãos reguladores internacionais como o FDA, nos EUA, exigem que os testes sejam feitos em pelo menos 20 pacientes com acompanhamento com duração de um ano.

O implante de córnea artificial será uma boa opção para os casos onde ocorre a rejeição ou em países com poucas córneas disponíveis para transplantes. “Dispor de um produto sintético que pode substituir o tecido humano é uma grande notícia para milhões de pessoas”, comemora o cirurgião.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias