Um grupo de cientistas detectou pela primeira vez a existência de uma armadura biomineral em um inseto, uma espécie de formiga cortadora de folhas e endêmica na América Latina, que se protege dos ataques das formigas soldados.

Este tipo de armadura são características por exemplo dos crustáceos, como as lagostas, e outros animais marinhos, como os ouriços.

A Acromyrmex Echinatior é uma formiga trabalhadora de classificação superior que coleta pedaços de folhas frescas da rua, uma vez que mastigadas pelas simples operárias, servem para o cultivo de fungos, alimento das larvas.

Mas tanto este cultivo como as larvas são alvos de outras formigas predadoras, como as pertencentes a “casta dos soldados de tamanho grande” da espécie Atta Cephalotes, segundo um estudo publicado nesta terça-feira (24) na Revista Nature Communications.

Enquanto estas têm “potentes mandíbulas enriquecidas com zinco” e medem cerca de 10 mm, as Acromyrmex Echinatior, de 6 mm, conseguem se defender, explicam seus autores, os microbiólogos chineses Hongjie Li, e o norte-americano, Cameron R. Currie, da Universidade de Wisconsin-Madison.

Seu corpo é “coberto de uma fina capa branca”, composta de carbonato de cálcio e enriquecida com magnésio, disse Currie à AFP. Os pesquisadores consideram que esta armadura “melhora a rigidez de seu exoesqueleto”, equipado com pontas.

Para comprovar, os autores do estudo reproduziram vários exemplares desta espécie impedindo a formação da armadura e os confrontaram com umas Atta Cephalotes em “experiências de agressão, imitando as ‘guerras de formigas’ por um território”.

Neste caso, “os soldados Atta as dispersaram rapidamente”, segundo Currie. Em um cenário diferente, ao repetir o mesmo experimento com formigas dotadas de armaduras, seu adversário perde em quase todos os duelos.

Esta proteção também pode ser útil diante de alguns patógenos, como as infecções que transmitem alguns fungos. Os pesquisadores constataram que sem a armadura, as formigas expostas a tais adversidades morriam em torno de quatro dias, enquanto as demais resistiram até seis dias com a armadura.

Os autores do estudo acreditam que este fenômeno poderá existir também em outras espécies de insetos menos conhecidas.