O ciclone extratropical desta semana não foi o primeiro a atingir o Rio Grande do Sul: em junho, outro fenômeno do tipo deixou 16 mortos. Para especialistas, o governo falha na prevenção de desastres naturais, que devem ficar mais frequentes e intensos com o aquecimento global.

Para os meteorologistas, é importante aperfeiçoar os modelos de previsão, mas não adianta colocar a culpa na falta de alertas. Anteontem, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse que os institutos não previram volume de chuva tão atípico. “Os modelos matemáticos previram as chuvas, mas não o volume de cerca de 300 mm nas diversas bacias hidrográficas da zona norte do Estado, da região noroeste, da região serrana, do Vale do Taquari”, afirmou à Globo News.

Ao menos um instituto meteorológico previu com antecedência o temporal. Em nota oficial, a MetSul Meteorologia rebateu Leite. Disse ter advertido com antecedência sobre a possibilidade de chuva acima de 300 mm na metade norte gaúcha no início de mês. Em 31 de agosto, cinco dias antes da catástrofe, publicou um alerta, dizendo que setembro começaria com tempestades e enchentes.

PREVENÇÃO. “Faltam por parte do governo do Rio Grande do Sul essas medidas preventivas para reduzir o impacto desses eventos”, diz o professor da USP Pedro Côrtes, geólogo e especialista em ciência ambiental. Entre as ações preventivas destacadas estão a implementação de planos diretores urbanos e políticas de moradias populares que tirem as populações vulneráveis de áreas de deslizamento e enchente. A recuperação de rios, as intervenções de saneamento básico e de permeabilidade do solo também protegem contra desastres.

Procurado pela reportagem, o governo do Rio Grande do Sul não falou sobre ações específicas na prevenção de desastres. Em nota, o Estado disse que, desde 31 de agosto, foram emitidos 48 alertas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), 19 para as Comissões da Defesa Civil e 21 mensagens SMS para avisar a população sobre as chuvas. “Os alertas são enviados diretamente ao celular das pessoas cadastradas no serviço e publicados no site da Defesa Civil, bem como nas redes sociais”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.