A falta de espaço para pouso e a velocidade elevada da aeronave foram mencionadas por especialistas em segurança aérea ao site IstoÉ como uma das possíveis causas do acidente aéreo com um avião de pequeno porte em Ubatuba, no litoral de São Paulo, na manhã desta quinta-feira, 9.
A aeronave atravessou a pista do aeroporto estadual Gastão Madeira, que termina a cerca de 200 metros da faixa de areia (veja abaixo), antes de explodir na orla da praia do Cruzeiro, nas proximidades de uma pista de skate. O voo tinha cinco pessoas a bordo e partiu do Aeroporto Municipal de Mineiros, em Goiás. O piloto morreu na colisão e outras cinco pessoas estão hospitalizadas, de acordo com a prefeitura da cidade.
Espaço de pouso
Com capacidade para sete passageiros, o Cessna Citation 525 CJ1 tem uma exigência mínima de 789 metros para pousar, segundo a fabricante. A pista do aeroporto tem aproximadamente 940 metros e, de acordo com Marcel Moure, CEO da Rede Voa, companhia que administra o local, afirmou ao portal UOL, pousos na direção que a aeronave seguia perdem cerca de 300 metros de pista para realizar a curva — o que levaria o espaço a cerca de 640 metros, abaixo do mínimo estipulado pela fabricante.
“Se o comprimento da pista estava no limite, menos do que isso é comprometedor para um pouso. É necessário analisar, pelo peso da aeronave, se ela tinha condição de pouso em cerca de 600 metros de pista. Essa é a grande questão”, disse ao site IstoÉ Daniel Calazans, professor de trafego aéreo e perito aeronáutico.
Calazans apontou ainda que, pelas imagens do acidente, é possível concluir que o avião de pequeno porte estava em velocidade elevada. A cidade de Ubatuba estava sob alerta de chuvas no momento da colisão, emitido pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), assim como todo o litoral paulista, com risco de alagamentos, deslizamentos e transbordamento de rios.
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Especialista em segurança aérea, Roberto Peterka afirmou que as imagens da colisão não demonstram que as condições meteorológicas eram inadequadas. “A visibilidade estava boa. Evidentemente, o piloto avaliou as condições para pouso, mas há muitas variáveis que devem ser investigadas, como um vento de cauda que exige maior distância de pouso; velocidade acima da recomendada; problemas no sistema de fresagem da aeronave; toque na pista além do ponto estabelecido”, afirmou ao site IstoÉ.