Durante a gravidez, a idade gestacional está entre as inúmeras preocupações de uma mãe (de primeira viagem ou não), afinal, “uma gestação deve variar de 38 a 42 semanas. Quando o parto acontece antes desse tempo, é prematuro”, conforme explica Waldemar Carvalho, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana. 

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A prematuridade corresponde a 12,4% dos nascidos vivos no Brasil, segundo dados do Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Ministério da Saúde. Esse fator pode comprometer a saúde e vida dos bebês, inclusive é considerado a principal causa de morte em crianças nos primeiros 5 anos de vida no país, de acordo com nota publicada em 2019 pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Diante da vulnerabilidade dessa condição, o Dia Mundial da Prematuridade é celebrado nesta quarta-feira (17), e para propagar a conscientização desse tema, especialistas esclarecem à IstoÉ os principais pontos de atenção.

Graus de prematuridade e seus riscos

O nascimento prematuro é aquele que acontece antes de 38 semanas de gestação. Os ricos dessa condição tendem a variar conforme o grau de prematuridade; listados a seguir pelo obstetra:

• 37 semanas: segundo Waldemar Carvalho, o parto realizado uma semana antes do tempo considerado normal não indica grande interferência na saúde do recém-nascido.

• 34 a 36 semanas: considerada prematuridade tardia. “Tem um melhor prognóstico, pois o peso do bebê é melhor”, explica o especialista.

• 29 a 33 semanas: prematuridade moderada. Dentro desse tempo, a criança pode nascer com até 1 quilo e meio, e algumas sequelas podem acontecer devido aos cuidados neonatais (depois do nascimento).

• 28 semanas ou menos: considerada prematuridade extrema. Carvalho reforça que nessa fase os órgãos não estão bem desenvolvidos, o que aumenta os fatores de riscos.

Motivos que desencadeiam o parto prematuro e como evitá-los

Em gestação gemelar, a prematuridade tende a ser um fator comum. Além dessa condição, existem outros variados motivos que desencadeiam o parto antes do tempo. O especialista em reprodução humana divide em dois tipos: clínico materno e anatômico.

Comumente, os problemas clínicos com a mãe durante a gestação são diabetes e hipertensão. A síndrome hipertensiva, que gera a eclâmpsia e/ou pré-eclâmpsia, ocasiona a prematuridade extrema. Outras condições que podem fazer com que o bebê tenha que ser retirado antes do tempo são acidentes e câncer durante a gravidez, sangramento por deslocamento da placenta ou placenta com inserção no colo do útero, ou problema com o desenvolvimento do feto.

Entre as causas anatômicas, uma das mais comuns é a ruptura da bolsa, “por problema da própria bolsa ou devido à infecções, corrimento ou excesso de volume do líquido”, explica. O colo do útero também pode ser uma ameça à prematuridade, por isso, a partir de 20 semanas de gestação, é preciso medi-lo periodicamente através de ultrassom, pois nessa fase é possível identificar a prematuridade e realizar medidas preventivas recomendadas pelo obstetra, como a cerclagem ou repouso.

“Esses são os casos mais comuns, mas existem diversos outros fatores que podem gerar a prematuridade”, esclarece Waldemar.

Embora nem tudo seja previsível, o melhor método de evitar essa situação é realizar o pré-natal e seguir todas as orientações de seu médico.

Riscos para a mãe e o bebê

Em caso de prematuridade tardia, os riscos são baixos. Carvalho explica que nesse caso, normalmente, existe desconforto para o bebê respirar, que pode ser tratado com reposição de oxigênio num sistema isolado. Os demais graus de prematuridade são mais complexos e merecem maior atenção, porque podem trazer sequelas para a criança, como quadros infecciosos. 

“Como o pulmão é o último órgão a se desenvolver, ele fica muito frágil, por isso o bebê precisa ficar na UTI. Na prematuridade extrema ocorre diversos riscos, os mais graves são a hemorragia intracraniana e o armazenamento de sangue no intestino, que podem levar o prematuro à morte”, pondera.

Sandi Sato, pediatra da Maternidade Brasília, garante que as mães não costumam ser o foco do risco, exceto quando o fator que desencadeou o parto prematuro também comprometa a saúde da mulher, como hipertensão ou acidente.

Como é conduzido o parto prematuro

A via de parto prematuro precisa ser avaliada individualmente pelo obstetra, com base no motivo que ocasionou o nascimento antes do tempo previsto e a fragilidade do bebê, visto que ossos da cabeça não estão totalmente formados. “O mais importante é se preocupar com a qualidade de nascimento. Nesse caso, muitas vezes o mais indicado é a cesárea”, destaca Waldemar.

Cuidados especiais com o prematuro

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Mesmo durante a internação, Sandi Sato recomenda a participação dos pais, pois o contato pode ser fundamental para fortalecer o vínculo e trazer experiência aos cuidados que deverão ser tomados em casa após a alta do bebê.

“Após a alta de uma UTI neonatal, é importante que essa criança ainda receba um acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, com pediatra, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, fonoaudióloga e os demais profissionais necessários para garantir que ela receba estímulos adequados para o bom desenvolvimento”, indica. Ela ainda reforça que o principal cuidado especial em casa deve ser a atenção aos riscos de infecções, como evitar visitas no pós-alta precoce.

Como a mãe pode se preparar para esse momento

Realizar terapia com psicólogo durante a gestação é tão importante quanto em outros momentos da vida, afinal, essa é uma fase de grandes mudanças emocionais, físicas e hormonais. Ter um profissional desde o início pode ser essencial para se sentir mais confiante durante todo o processo da maternidade, inclusive na hora do parto, em especial se houver a necessidade de realizá-lo prematuramente.

O apoio de amigos e familiares também é imprescindível, assim como manter a confiança em sua equipe médica. Embora grupos de apoio e redes sociais ofereçam informações, pode haver equívocos ou contribuir para ansiedade e fragilidade emocional e física, por isso, o melhor é se informar com os profissionais que te acompanham. 

Segundo Waldemar, após o parto, com a rotina de UTI neonatal, é comum que as mães foquem somente na evolução do bebê e esqueçam de si, com comportamentos como má alimentação, falta de descanso e excesso de caminhada. No entanto, por mais que o momento demande grande participação e empenho, é fundamental manter o autocuidado, afinal, o bem-estar é necessário para dar prosseguimento à qualidade dos cuidados com a criança.