O desenvolvimento das crianças é diário e envolve vários fatores, inclusive as brincadeiras. Além de dar energia e aflorar a imaginação, brincar é uma atividade que pode ajudar a construir pensamentos, por isso, explorar a igualdade é essencial nessa fase, de modo a despertar adultos conscientes e livres de preconceitos. Com esse objetivo, após realizar uma pesquisa com pais e filhos, a Lego anunciou na segunda-feira (11) que planeja remover o preconceito de gênero de seus brinquedos.

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A pesquisa contou com cerca de 7 mil participantes — pais e crianças de 6 a 14 anos — da China, República Tcheca, Japão, Polônia, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. O resultado apontou que as meninas costumam ter menos preconceitos de gênero típicos do que os meninos — 62% delas e 74% deles acham que certas atividades são destinadas apenas para algum dos sexos.

O preconceito ganha maior destaque entre os pais, pois têm mais probabilidade de imaginar um homem em certos empregos, independentemente de terem filho, filha ou ambos. Muitas crianças compartilham os mesmos pensamentos, embora as meninas se demonstrem mais propensas do que os meninos a pensar em uma variedade de profissões para todos os gêneros.

Segundo a Lego, após os resultados da pesquisa, a empresa está comprometida em tornar seus brinquedos mais inclusivos e “livres de preconceitos de gênero e estereótipos prejudiciais”.

Ao “Yahoo Life”, especialistas reforçaram o assunto. “Um brinquedo de gênero neutro é algo que não reforça o estereótipo de gênero imposto padrão — como cores ‘destinadas’ a meninos e meninas, por exemplo”, explicou o pediatra de desenvolvimento Robert Keder. 

“Um brinquedo de gênero neutro não avança, exibe ou sugere estereótipos sociais de preferência de gênero”, completou o psicólogo clínico John Mayer.

Com base em pesquisas, a jornalista Melinda Wenner Moyer, disse que quanto mais o gênero for imposto aos brinquedos, mais as crianças acreditarão em estereótipos com o passar dos anos, como “meninos não devem chorar” e “meninas devem estar sempre impecáveis”.

“Não devemos oferecer apenas brinquedos estereotipadamente ‘femininos’ às meninas, como bonecas ou unicórnios, e nem devemos dar somente ‘masculinos’ aos meninos, como bonecos de super-heróis ou carrinhos. Devemos deixá-los brincar com uma diversidade de opções, incluindo as que desafiam os estereótipos tradicionais”, ponderou Melinda.

Segundo Robert Keder, desconstruir os “padrões” pode ajudar a diminuir a desigualdade de gêneros, bem como a ideia de interesses ou hobbies destinados a um único gênero, pois possibilita que meninos e meninas se sintam livres para explorar seus interesses.