As autoridades de saúde dos Estados Unidos reavaliarão, nesta quinta-feira (17), o tratamento de Terapia de Reposição Hormonal (TRH) para os efeitos da menopausa, cujo uso vem sendo debatido há anos devido ao possível risco de desenvolvimento de câncer de mama.
A menopausa tem consequências na saúde de várias mulheres e pode provocar sintomas muito incômodos.
A TRH é feita para repor o estrogênio que o corpo deixa de produzir quando os ciclos menstruais terminam, mas seu uso tem caído nos últimos anos devido a preocupações sobre efeitos colaterais.
O chefe da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), Marty Makary, que convocou a reunião desta quinta-feira com especialistas externos, há muito tempo defende a TRH por estimar que seus riscos foram exagerados.
“Por décadas, a terapia de reposição hormonal para mulheres – ou seja, estrogênio ou estrogênio mais progesterona – tem ajudado as mulheres a aliviar os sintomas da menopausa, incluindo ondas de calor, secura, alterações de humor, ganho de peso e má qualidade do sono, para citar alguns”, disse ele em um vídeo.
Ele acrescentou que, quando administrada desde o início do período de transição antes da menopausa, a TRH pode até mesmo reduzir o declínio cognitivo, o risco do mal de Alzheimer e prevenir a osteoporose e as doenças cardiovasculares.
Makary atribuiu o declínio no uso da terapia hormonal a um estudo clínico pioneiro, o Women’s Health Initiative, realizado nos anos 2000, que alertou sobre o aumento dos riscos de câncer de mama e derrame.
Mas ele disse que estudos posteriores não corroboraram esse fato.
Os críticos do estudo argumentam que as participantes estavam muito avançadas na menopausa e que as formulações de tratamento daquela época não são as mesmas de hoje.
A TRH, que pode ser administrada por via oral, por meio de adesivos cutâneos ou por via vaginal, divide a comunidade médica. A própria FDA cita riscos que incluem câncer de endométrio ou de mama e coágulos sanguíneos potencialmente fatais.
Nesta semana, o American Journal of Physicians publicou um editorial que destaca benefícios limitados e danos significativos associados a esta terapia.
“A menopausa é uma experiência positiva na vida de muitas mulheres e não deve ser medicalizada”, concluíram os autores.
A natureza da reunião de especialistas da FDA é incomum e nenhuma agenda foi publicada.
Vários dos palestrantes nomeados têm vínculos com empresas que oferecem tratamentos para a menopausa ou pertencem ao grupo ‘Let’s Talk Menopause’ (Vamos falar sobre a menopausa), que recebe financiamento de empresas farmacêuticas e faz campanhas para revisar a rotulagem de advertência da FDA.
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