Especialistas discutem na Costa Rica como enfrentar crise climática

Especialistas discutem na Costa Rica como enfrentar crise climática

Mais de mil delegados do mundo todo, incluindo 30 ministros do Meio ambiente, abriram nesta terça-feira, na Costa Rica, um encontro de três dias para discutir uma agenda contra a mudança climática, em meio ao ceticismo dos líderes de países grandes, como Estados Unidos e Brasil.

Os participantes apontaram a necessidade de buscar na natureza os mecanismos para conter o aquecimento global, provocado pela emissão de dióxido de carbono (CO2).

O tema dominou a abertura do encontro em San José, que serve como preâmbulo para a 25ª Conferência das Partes (COP 25) sobre mudança climática da ONU, que será realizada em dezembro no Chile.

“Levantemos o olhar para entender que o que enfrentamos em termos de mudança climática é nada menos que a existência da humanidade”, advertiu a diplomata costa-riquenha Christiana Figueres.

O encontro de San José reúne até quinta-feira 1.500 participantes para discutir a agenda climática prévia à COP 25 do Chile.

A ministra chilena do Meio Ambiente, Carolina Schmidt, explicou que o encontro em seu país marcará um “ponto de inflexão” nas deliberações climáticas, ao passar das negociações à ação.

“Transforma-se uma instância de negociação em uma de ação, com um objetivo claro: seguir a ciência”, explicou Schmidt a jornalistas.

Ela disse que será a primeira vez nas discussões climáticas que estarão presentes ministros de outros setores, como Finanças, Agricultura, Transporte e Energia, além de representantes do setor privado.

Figueres liderou as negociações que levaram ao Acordo de Paris de 2015, no qual 195 países se comprometeram a reduzir suas emissões de CO2 para conter o aquecimento global.

“A ciência nos disse que para prosperar neste planeta (…) não podemos deixar que a temperatura suba mais que 1,5 graus” Celsius, acrescentou Figueres.

O encontro é realizado ante os sinais de ceticismo de países de grande peso na agenda climática, como Estados Unidos e Brasil, cujos governantes mostraram desinteresse nos compromissos contra o aquecimento global.

O diplomata Luis de Alba, enviado especial do secretário-geral da ONU, António Guterres, comentou que é “muito grave” a falta de resposta dos grandes emissores de gases de efeito estufa.

“Os principais emissores não responderam da maneira que esperávamos e isso é muito grave”, comentou De Alba.

O ecologista italiano Marco Lambertini, diretor-geral da ONG World Wildlife Fund (WWF), propôs um pacto global para reverter o aumento das emissões de gases do efeito estufa e a queda da biodiversidade, com metas como “perda zero de habitats, zero extinção de espécies pela ação humana e redução pela metade da pegada da produção e do consumo”.

O ministro costa-riquenho do Meio Ambiente, Carlos Manuel Rodríguez, advertiu que hoje se investe “muito mais em atividades que destroem natureza que naquelas que a preservam”.

Rodríguez considerou necessário avançar para um novo modelo econômico que se afaste do carbono e adote a natureza como um aliado.

“Na natureza está 30% da solução para o problema climático”, afirmou o ministro de Florestas, Mares e Meio Ambiente do Gabão, Lee White.