Especialistas de saúde, ‘cobaias’ das vacinas contra o coronavírus no Brasil

A pediatra Monica Levi, uma das voluntárias que receberam vacina contra a COVID-19, em São Paulo, em 24 de julho de 2020. - AFP
“Eu quero contribuir, é a minha contribuição à ciência”, diz a pediatra Mônica Levi, voluntária em São Paulo de um dos programas mais avançados de vacina contra o novo coronavírus, que já matou mais de 87.000 pessoas no Brasil.
“A minha bandeira é a vacinação, então tenho que ser coerente com aquilo em que acredito”, acrescenta a doutora Levi, de 54 anos, que há 23 trabalha na Clínica Especializada em Doenças Infecciosas e Parasitárias e em Imunizações (Cedipi), em São Paulo.
A médica é uma das 5.000 ‘cobaias’ que participam no Brasil dos testes de fase 3 – a última antes da homologação – da vacina ChAdOx1 nCoV-19, desenvolvida pela Universidade de Oxford em conjunto com a farmacêutica britânica AstraZeneca.
O Brasil também foi o primeiro país a iniciar os testes de fase 3 com a vacina chinesa Coronavac, do laboratório Sinovac Biotech.
Os voluntários são recrutados principalmente entre pessoas que, por sua profissão, estão mais expostas ao vírus no país que é o segundo do mundo em número de casos e óbitos por COVID-19, atrás dos Estados Unidos.
“Escolheram profissionais da saúde porque a gente está em risco constante. As exigências: os voluntários têm que ter de 18 a 55 anos, ser profissionais de saúde que estejam em atendimento, que não tenham comorbidades, nem [sejam] gestantes”, enumera Mônica Levi, ao se referir ao processo de seleção da vacina de Oxford.
Quando Levi contou que se dispunha a ser ‘cobaia’, suas duas filhas aceitaram sua decisão com naturalidade e seus amigos a elogiaram. Alguns colegas consideraram que era uma decisão arriscada, mas corajosa.
– Terreno propício –
“Todo mundo tem interesse em estudar [as vacinas] num lugar onde tem muitos casos, como é o caso do Brasil, que está mantendo um platô constante [de contágios e mortes], então tem muita gente para comparar os resultados dos testes”, diz Levi.
Metade dos voluntários recebe a vacina e a outra metade, um placebo.
Para mitigar efeitos indesejáveis, tomam paracetamol nas primeiras 24 horas.
Mônica Levi, que tomou a injeção em 21 de julho, conta ter sentido “dor de cabeça e calafrios” no primeiro dia. “Mas nem sei se eu tomei a vacina ou a vacina placebo”, comenta.
Ela só saberá daqui a um ano, período no qual todos os voluntários deverão fazer visitas médicas regulares. “Nesses retornos, eles vão recolher exame de sangue. É Oxford que vai analisar o nosso sangue”, explica Levi.
Os laboratórios que trabalham a toque de caixa nesta corrida científica e comercial para conter a propagação da COVID-19, que já deixou mais de 16 milhões de infectados (cerca de 2,5 milhões no Brasil) e 650.000 mortos no mundo.
“Normalmente, uma vacina é licenciada depois que acaba o estudo. Mas no caso desta pandemia, é uma situação emergencial. É possível que os órgãos regulatórios liberem com dados parciais”, conjectura a especialista.
“Não precisa esperar um ano. Vai morrer muita gente desnecessariamente se ficar esperando os protocolos usuais”, insiste.
A vacina de Oxford “já está sendo produzida em grande escala mesmo sem ser licenciada ainda. Porque assim que for licenciada, já vamos ter uma grande quantidade para disponibilizar, a produção não vai começar do zero”, acrescenta, confiante, a doutora Levi.
Mas se a vacina for ineficaz, “vai tudo para o lixo”.
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