Com as mudanças de temperatura e o estilo de vida característicos do verão, alguns cuidados especiais devem ser adotados com o corpo: cabelos, pele e… vagina. Isso mesmo! Durante a estação mais quente do ano, a saúde íntima também requer maior atenção.

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Os dias de calor podem impactar negativamente a flora vaginal, principalmente em quem vai à piscina ou à praia, mas seus malefícios podem atingir qualquer pessoa. “A flora vaginal pode mudar em dias quentes, principalmente se a pessoa que tem vagina — mulher cis ou homem trans — usar roupa íntima muito abafada, permanecer longos períodos com roupa de praia molhada ou usar com frequência sabonete ou duchas íntimas”, explica Paulo Noronha, médico obstetra e sócio da Clínica Espaço Mãe, em São Paulo. 

De acordo com o médico, a flora vaginal saudável é composta principalmente por bacilos de Dördelein — os lactobacilos —, que transformam o glicogênio presente no epitélio da mucosa vaginal em ácido lático. Em outras palavras, esse processo é o que mantém o pH da vagina em uma acidez saudável e normal, inibindo o crescimento de bactérias e fungos.

Causas e sintomas

Segundo Paulo, fatores como duchas higiênicas, praticar sexo anal e vaginal na mesma relação, uso de antibióticos, imunidade baixa, excesso de consumo de açúcares e métodos anticoncepcionais hormonais podem alterar a flora vaginal normal. Dentre alguns dos sintomas dessa alteração prejudicial estão o corrimento vaginal. No entanto, é preciso ter em mente: “O que os médicos chamam de ‘corrimento’ é, na verdade, um fluido que sai da vagina, composto por células do colo do útero e da vagina, muco, água e bactérias, e nem todo corrimento precisa ser tratado”, indica o médico. 

Você deve ficar atenta à secreção expelida em sua roupa íntima e procurar ajuda médica caso ela apresente mau cheiro, bolhas, sangue ou coloração esverdeada. Coceira vaginal, vermelhidão, ardência e dores no sexo são outros sintomas preocupantes que devem ser tratados quanto antes. Conheça também o cheiro de sua vulva e vagina, para que saiba distinguir o mau cheiro de seu odor natural. Evite o uso de desodorantes e perfumes íntimos, pois, além de serem possíveis causas de alergias e desequilíbrio do pH natural, estes cosméticos podem mascarar infecções. “Vagina tem cheiro, precisamos normalizar isso”, completa o obstetra. 

Cuidados no verão

Para preservar a saúde íntima e curtir o verão sem preocupações, alguns cuidados simples podem ser incorporados à sua rotina. Evite o uso de roupas íntimas feitas de tecido sintético, pois elas impedem a circulação de ar na região e não absorvem a umidade, criando um ambiente propício para a proliferação de fungos e bactérias. Prefira peças de algodão, mas elimine-as sempre que puder, permitindo que a vagina respire livremente. 

Paulo recomenda a higienização da área com água morna e sabonetes com pH neutro e sem perfume, além do consumo de probióticos, sempre sob recomendação médica. Evite ainda o uso de protetores íntimos diários, que impedem a passagem de ar pela vagina. Mesmo com as festas de final de ano, manter uma alimentação saudável e balanceada pode ser a chave para a prevenção de infecções, pois alguns alimentos podem alterar o pH vaginal — principalmente massas e carboidratos no geral, açúcares e frutas ácidas. 

Especialmente para o verão, a dica do obstetra é trocar a roupa de banho sempre que estiver molhada. Segundo ele, o contato com areia e cloro não pode prejudicar a saúde íntima desde que a limpeza adequada da vulva e das roupas íntimas seja feita. Para lavar calcinhas, biquínis e maiôs, o médico aconselha: “Prefira um produto sem perfume e o mais neutro possível”. E para quem busca praticidade, ele alerta: “Pode lavar [as peças íntimas] no chuveiro, mas não deixe-as secar no banheiro”. Paulo ressalta ainda a importância de evitar o autotratamento: “Na dúvida, busque orientação médica”.