A jornalista Lucilene Caetano, 40 anos, ex-apresentadora da Band, segue internada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde o dia 26 de outubro após apresentar quadro de influenza B. Na última quarta-feira, 6, ela apresentou uma piora na doença, que evoluiu para uma pneumonia bacteriana e um derrame pleural.

O boletim médico foi informado pela própria jornalista, que está grávida pela quarta vez. Apesar de a situação ser preocupante e não ter previsão de alta, Lucilene está estável.

Em conversa para o site IstoÉ Gente, a *Dra. Sofia San Martín, pneumologista do Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explicou o quadro de saúde de Lucilene e as implicações do período gestacional.

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“Existem os grupos de risco para influenza, que são as gestantes, os idosos maiores de 60 anos, crianças, indígenas, aldeados, eles têm mais predisposição a ter as complicações da infecção por influenza. Por isso que essas populações são priorizadas pelo governo a se vacinarem. Faz parte do pré-natal a atualização das vacinas, e dentre elas as da influenza”, destacou a especialista.

“E uma das complicações da influenza é a pneumonia bacteriana. Então, infecções virais, pneumonia virais, não só por influenza, por covid, por exemplo, elas predispõem a evoluir, elas predispõe a ter outra infecção oportunista, que é a pneumonia bacteriana”, esclarece a pneumologista sobre o quadro de Lucilene.

Além das infecções, a influenza pode desenvolver algumas inflamações. 

“O paciente pode evoluir para complicações das doenças crônicas de base, então se ele já tem uma doença pulmonar, essa doença pode complicar, se já tem uma doença cardíaca, isso pode complicar, uma doença renal. O paciente pode evoluir com otite, sinusite”, enumerou.

Ainda sobre as vacinas, a médica esclareceu que a função do imunizante, no caso da influenza, é evitar que ela se agrave, como aconteceu com a jornalista.

“A gestação predispõe ao indivíduo que contrai a influência ter as complicações da doença, como aconteceu com ela. A vacinação desse grupo não é para evitar contrair influência, mas para evitar que o paciente desenvolva as formas graves, incluindo pneumonia graves e necessidade de UTI. É isso que a vacina protege”, destacou.

Apesar da doença inspirar cuidados, sobretudo porque a paciente está em UTI, a médica acredita que o quadro da gestante não vai afetar o bebê, já que a paciente está recebendo o atendimento devido,

“Quando uma gestante evolui com uma pneumonia viral, bacteriana, o bebê passa a ser monitorizado pela equipe de obstetrícia para avaliar a vitalidade dele. Ela já teve uma pneumonia, mas se ela está bem, está usando antibiótico, está evoluindo bem. Então, nesse caso, o bebê não vai apresentar tantos riscos. A equipe intensivista vai priorizar os remédios, os antibióticos, que não apresentam risco para a saúde da gestante, porque todos esses remédios que ela vai usar vão passar a barreira pacientária, vão para o bebê. São escolhidos remédios que não causem prejuízo, mas sempre a prioridade acaba sendo a gestante”, tranquiliza a especialista.

Derrame pleural é uma ocorrência que exige mais cuidado e investigação médica. Não é comum que ocorra, seja pela infecção por influenza, seja pela vulnerabilidade da situação gestacional.

“Nunca um derrame pleural é comum. A pleura é a capa do pulmão. A gente tem uma pleura coladinha com o pulmão, que é a pleura visceral, e tem uma outra que é a pleura parietal. Essas capinhas, elas se deslizam por uma fina, microscópica lâmina de líquido, que a gente não vê. A partir do momento em que se começa a acumular líquido nessa capinha do pulmão, isso não é normal e a gente precisa investigar. Numa situação de pneumonia, a gente está autorizado a acreditar que esse líquido é secundário à pneumonia e trata com antibiótico e a expectativa é que esse líquido se resolva”, detalhou a médica.

Lucilene entrou na 17ª semana de gestação. Segundo exames, a bebê está bem e não foi afetada pela condição de saúde da mãe.

A jornalista é casada com o lutador Felipe Sertanejo. Ela trabalhou como apresentadora da Band e do BandSports entre 2017 e 2022.

*Dra. Sofia San Martín CRM/SP 175138 é médica especialista em Endoscopia Respiratória com formação pela Universidade de São Paulo e pneumologista do Hospital São Paulo Unifesp.