A cantora britânica Jessie J, de 37 anos, revelou aos fãs ter sido diagnosticada com câncer de mama em estágio inicial. Em vídeo publicado no Instagram nesta quarta-feira, 3, ela explicou que fará uma pausa na carreira para se submeter a uma cirurgia ainda neste mês. O procedimento será feito meses antes de sua apresentação no Brasil, no festival The Town, que acontece em São Paulo, em setembro.
Se, por um lado, o diagnóstico tranquiliza por ter acontecido em fase inicial, por outro surpreende por se tratar de uma paciente tão jovem. IstoÉ Gente conversou com o *Dr. Pedro Exman, médico oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, para esclarecer dúvidas sobre a doença, diagnóstico e tratamento.
+Jessie J compartilha diagnóstico de câncer de mama e revela pausa na carreira
+Ingressos para o The Town 2025 já estão à venda: saiba tudo sobre o festival
No Brasil, a recomendação para mamografia – exame importante para apontar nódulos que podem ser câncer – é a partir de 40 anos, e pode até mesmo nem ser solicitada caso um exame simples no consultório não levante a suspeita de nódulos. Mas, o caso da artista mostra que mulheres antes dos 40 anos podem ser acometidas pela doença.
O especialista esclarece que consultas regulares ao ginecologista são importantes também para investigar possíveis doenças e, se for o caso, solicitar exames, como é o caso da mamografia antes dos 40.
“A recomendação ainda continua sendo mamografia anual a partir dos 40 anos. Porém, mulheres mais jovens devem ser sempre acompanhadas por seu ginecologista e realizarem exame físico sempre a cada consulta e, em alguns casos, exames de imagem como ultrassons, dependendo do histórico”, destaca ele, que alerta para a importância de realizar o autoexame.
“Apesar de não ter impacto como a mamografia, o autoexame é importante para a mulher conhecer a sua mama e ficar alerta com o surgimento de alterações que possam sugerir o surgimento de um tumor nas mamas. São eles: nódulo palpável, dor não usual, vermelhidão na pele, saída de secreção ou sangue pelos mamilos, retração das mamas e alteração na anatomia das aréolas e mamilos. Caso percebam essas alterações, as mulheres devem imediatamente procurar o seu ginecologista e/ou mastologista”, aconselha o oncologista.
A atenção que cada mulher deve dar à própria saúde pode ter sido fundamental para a descoberta da doença em fase inicial, como aconteceu com Jessie J. Para isso, algumas medidas devem ser tomadas com regularidade, bem como observar o histórico familiar.
“Consulta anual com o ginecologista que envolva exame físico. A partir dos 40 anos, mamografia anual. Mulheres com histórico familiar de parentes diretos devem ter acompanhamento individualizado de seus médicos”, observa o médico.
Em seu comunicado aos fãs, a artista detalhou que o procedimento cirúrgico não envolve retirada do mamilo. O Dr. Pedro Exman destaca que a descoberta precoce pode fazer a diferença no tratamento e melhorar as chances de cura, bem como determinar uma cirurgia menos agressiva.
“Felizmente hoje em dia os casos de diagnóstico de doença inicial são muito mais frequentes que casos de doença avançada. Isso, além de aumentar em muito as chances de cura, possibilita que a cirurgia seja menos extensa e agressiva nas pacientes, o que chamamos de cirurgia conservadora, onde é retirado apenas o setor onde está o tumor com margens de segurança, preservando o mamilo. Esta técnica cirúrgica tem sido utilizada muito mais frequentemente que a mastectomia (retirada toda da mama e mamilo), e consegue-se preservar a eficácia do tratamento oncológico, mas com resultado estético muito superior”, explica ele.
“Apenas em casos de doença muito grande – o que, felizmente, é raro – ou em casos em que a proporção tumor/mama seja desfavorável (tumor relativamente grande para um seio pequeno) é que é indicado fazer a mastectomia”, pontuou o especialista.
Jessie J vai se ausentar dos palcos
A cantora antecipou que vai se ausentar dos palcos para realizar cirurgia, programada para ainda neste mês. A recuperação, segundo o especialista, é rápida e o processo não inspira tantos cuidados.
“A cirurgia conservadora e a mastectomia são cirurgias de baixo risco operatório. Normalmente, no mesmo dia a paciente recebe alta para casa, em uma a duas semanas já está com a pele e tecidos cicatrizados, e em torno de um mês já está de volta às atividades normalmente”, tranquiliza o médico.
“O risco maior da cirurgia mas raros são: infecção da ferida operatória, e o surgimento de um inchaço no braço do lado operado por uma piora da drenagem linfática, chamado de linfedema. A cirurgia conservadora também diminui drasticamente a incidência de linfedema”, explica.
Tratamento e risco de novos tumores
Quem já teve câncer, de qualquer tipo, tem um longo período pela frente após tratar e se curar da doença. É preciso fazer acompanhamento médico para monitorar novas formações de tumores.
“É importante lembrar que o tratamento de câncer de mama é multidisciplinário. A cirurgia é um dos tratamentos realizados para a gente eliminar a doença das pacientes. A cirurgia, juntamente com a radioterapia, tem uma função de controle e erradicação local da doença. A retirada do tumor com margens bem seguras e associada à radioterapia. São medidas para evitar que volte localmente. Mas é extremamente importante a complementação, a continuação”, lembra o Dr. Pedro Exman.
Risco de mestátase
“Quando a gente tem um tumor maligno na mama, existe uma chance da célula entrar na circulação sanguínea e se alojar em outros órgãos à distância. Fígado, ossos, pulmão, que é o que a gente chama de metástase. O tratamento sistêmico, que a gente chama, é o tratamento que a gente realiza pós-cirurgia, em alguns casos antes da cirurgia, e evita-se que o tumor volte em qualquer parte do corpo e não só no local da mama.”