O chefe da agência americana encarregada de desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus disse nesta quarta-feira (22) que foi transferido de função por se opor ao tratamento com cloroquina promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Rick Bright afirmou que perdeu na terça-feira o cargo à frente da Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado (Barda, em inglês), a agência governamental que desenvolve tratamentos e vacinas, sendo remanejado para uma posição menor no Instituto Nacional de Saúde.

A medida “foi uma resposta à minha insistência para que o governo invista os bilhões de dólares alocados pelo Congresso para combater a pandemia da COVID-19 em soluções seguras e cientificamente comprovadas, e não em medicamentos, vacinas e outras tecnologias carentes de mérito científico”, afirmou Bright em comunicado à imprensa.

Ele acrescentou que a medida foi uma resposta direta à sua resistência a “diretrizes equivocadas” para apoiar o uso de cloroquina e hidroxicloroquina – que é usada contra a malária – para combater o coronavírus.

Esses tratamentos foram “promovidos pelo governo como uma panaceia”, mas “claramente carecem de mérito científico”, afirmou Bright, observando que pedirá ao inspetor geral do Departamento de Saúde que investigue a politização da Barda e a pressão do governo para favorecer empresas com conexões políticas.

Desde meados de março, Trump defende o uso desses medicamentos para combater infecções por coronavírus, apesar das poucas evidências que garantam sua segurança e eficácia e contra a sugestão de seus consultores científicos.

Na terça-feira, os resultados do maior estudo até o momento sobre a hidroxicloroquina, financiado pelo governo americano, revelaram que o medicamento não oferece nenhum benefício contra a doença e foi associado a um grande número de mortes.