Os clubes brasileiros que foram consultados pela reportagem do Estado e a responderam não propuseram a solução que pode ser a mais simples e mais eficaz no combate a proliferação de notícias falsas. Segundo Fábio Malini, coordenador do Laboratório de Estudos Sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo, a melhor maneira de combater a “fake news” é com integração e muito mais envolvimento das partes.

“É necessário uma grande parceria, criar hashtags em conjunto, por exemplo, sobre determinado assunto. Isso já acontece em outras áreas e funciona. O torcedor hoje está mais informado e pode colaborar também na identificação e no combate às notícias falsas do seu time.”

Os clubes, de maneira geral, monitoram as redes sociais e a principal preocupação está em evitar a criação de páginas que fingem se passar por oficiais. Porque é a partir delas que as notícias inventadas passam a se proliferar nas redes como sendo verdadeiras.

O diretor de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg, comentou sobre a confusão que é feita entre o meme e a fake news. Sobre o primeiro, que é mais uma brincadeira, o clube entende que “o bom humor e a gozação fazem parte do futebol”. Sobre o segundo: “Quando o tema é grave, o Corinthians sempre se posiciona criticamente e utiliza a capilaridade de suas redes para sensibilizar a Fiel sobre temas delicados como o assédio sexual, a violência doméstica e o preconceito”, respondeu o dirigente.

O presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, diz que não há hoje como monitorar tudo o que se publica nas redes em relação ao clube. No entanto, quando a notícia falsa ganha repercussão, “entramos e obrigamos que ela seja deletada”.

O departamento de comunicação do Santos lembrou de um caso de notícia falsa ocorrido há alguns anos. Uma página com o nome do clube informou na rede social que estavam abertas as inscrições para avaliação de garotos para as categorias de base. E que era preciso pagar para isso. O departamento jurídico do Santos foi acionado e resolveu o problema derrubando a página, sem punições aos envolvidos na falsidade. O clube passou a informar que não cobra pelos testes.

Malini diz que os clubes de futebol deveriam se debruçar e ir mais a fundo em relação à fake news. A medida é mais uma forma de se prevenir, de estar pronto para quando surgirem problemas mais sérios. Como exemplo, o coordenador citou o caso do acidente de avião com os jogadores da Chapecoense.

“Aquele momento tinha muita informação desencontrada e ninguém para responder. Acho importante ter o processo de hashtags em conjunto por isso. Os clubes juntos mobilizam audiências elevadíssimas.”

A assessoria de imprensa do Atlético-MG, ao ser questionada sobre maior união dos clubes, disse que há uma troca e que não é raro combinar discursos e posturas diante de notícias falsas, sobretudo sobre negociação de atletas.