A empresária Fabiana Justus comemorou o resultado de novos exames que não apontaram intolerância à lactose, condição que ela enfrentava já há muitos anos. Ela foi diagnosticada com leucemia mieloide em janeiro deste ano e submetida a um transplante de medula dois meses depois.

A influenciadora verificou que, após o procedimento, foi possível ingerir alimentos que contêm lactose na composição sem a necessidade de administrar remédios.

“Eu queria contar que a minha intolerância à lactose sumiu. Eu fiz o exame e agora deu que eu sou tolerante à lactose. Ou seja, o transplante de medula curou minha intolerância à lactose. É muito louco!”, disse ela através de uma série de vídeos publicados, na última quarta-feira, 11, nos Stories do Instagram.

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O *Dr. Jayr Schmidt Filho, especialista em Transplante de Medula Óssea, conversou com o site IstoÉ Gente para explicar o que pode ter acontecido com a influenciadora. Ele esclareceu que o fenômeno verificado não é uma regra em casos de transplante, mas que é esperado o paciente transplantado receber, também, a imunidade do doador.

“Não é comum. Não é uma característica ter essa resposta do transplante de medula. O que, às vezes, a gente observa, é que a pessoa recebe um sistema imunológico de um doador. Então, se o paciente recebe a medula transplantada, vai ter a produção de um novo sistema imune. Às vezes é uma pessoa que é alérgica a alguma coisa e deixa de ser porque recebeu o sistema imunológico de uma outra pessoa”, comparou ele.

A influenciadora teve uma boa notícia sobre a imunidade do doador, mas o Dr. Jayr Schmidt alerta que o contrário também pode acontecer.

“Pode acabar desenvolvendo alergia com uma coisa que ela não tinha antes, também justamente pelo mesmo motivo. Agora, intolerância à lactose, se for para algum fenômeno imunológico, pode ser que isso aconteça, mas que não é não é o mais comum e habitual de a gente encontrar”, apontou.

Sobre as alterações mais comuns após uma intervenção como a da filha do empresário Roberto Justus, 69, o médico detalhou o que acontece no organismo.

“Para trocar um sistema imunológico pelo outro, a produção do sangue de um paciente pela outra, é preciso destruir a medula óssea daquele paciente e proporcionar que ele receba medula sadia. E para que não tenha mecanismos de rejeição – causando um quadro que a gente chama de doença do enxerto contra hospedeiro -, tem que usar medicação imunossupressora para poder controlar”, explicou.

“E esse é o principal mecanismo de rejeição que a gente tem na medula óssea, que é a medula nova da pessoa com novo sistema imunológico, estranhar o corpo e atacar”, complementou.

Para o especialista, ainda é cedo para dizer que o paciente, após o transplante, ficou curado de alguma condição que carregava antes do procedimento, como alergias e a intolerância à lactose.

“Isso é muito individual, cada caso é um caso. Leva tempo para verificar se realmente a intolerância à lactose não existe mais”, concluiu ele.

*Dr. Jayr Schmidt Filho CRM 127063/SP é formado em Medicina com especialização em Transplante de Medula Óssea. É Líder do Centro de Referência em Neoplasias Hematológicas do A.C.Camargo Câncer Center.