Especialista aponta desafios pós-cirúrgicos de tratamento como o de Preta Gil

Em entrevista à IstoÉ, oncologista do A.C. Camargo explicou que casos devem ser avaliados individualmente

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Preta Gil recebeu alta hospitalar e está se preparando para nova etapa do tratamento contra um câncer Foto: Reprodução/TV Globo

A cantora Preta Gil, 50 anos de idade, concedeu entrevista ao “Fantástico”, da Globo, na noite do último domingo, 16, para falar sobre seu tratamento contra o câncer.

A artista, que teve alta hospitalar depois de ficar 55 dias internada, foi submetida a uma cirurgia de mais de 20 horas de duração para remover novos focos de tumores do organismo, uma parte do aparelho digestivo e do sistema linfático.

Em 2023, a artista teve o diagnóstico de um tumor no reto, que foi operado, mas voltou em seis novos focos: quatro em uma membrana que cobre o aparelho digestivo, o peritônio, e duas no sistema linfático. Todos foram removidos neste último procedimento, em dezembro de 2024.

Preta precisou ainda reimplantar parte do ureter direito, que liga o rim à bexiga, além de reconstruir também parte desse órgão.

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“Eu acabei de ter alta do hospital, quase dois meses de internação. Estou fragilizada, ainda com o corpo muito debilitado. Com dreno, sondas, ainda invadida”, declarou.

Agora que está em casa, a filha de Gilberto Gil passará por um processo intensivo de recuperação e terá de se adaptar à nova rotina, já que agora ela usará uma bolsa de colostomia.

Em entrevista à IstoÉ Gente, *Virgílio Souza, oncologista clínico, do A.C.Camargo Cancer Center, explica que casos de recuperação como os de Preta Gil são desafiadores. No entanto, ele frisa que não há como avaliar de forma geral, pois cada organismo reage de uma maneira.

“Os pacientes com câncer colorretal submetidos à restrição de metástases peritoniais enfrentam uma série de desafios, tanto durante o procedimento de cirurgia, quanto também no período pós-operatório. Esse tipo de abordagem cirúrgica, de cirurgia, é bastante complexo e está indicado em situações especiais, avaliado pela equipe multidisciplinar”, inicia.

Ao ser questionado sobre como funciona a remoção do sistema linfático, o médico explica:

“[A remoção] ocorre com a retirada das metástases no peritônio, estrutura que reveste as vísceras abdominais, acompanhada da retirada dos linfonodos, que são os gânglios do sistema linfático comprometidos pela doença. Pode ser tecnicamente difícil, devido à localização e à proximidade com órgãos. A recuperação após a restrição pode ser longa e desafiadora”, afirma.

A respeito da recuperação em meio aos novos hábitos, Virgílio destaca que não é apenas a adaptação à bolsa de colostomia que os pacientes precisam se atentar.

“Além disso, temos como desafios de riscos pós-operatório, como sangramento e infecções. E o paciente pode enfrentar quadros de dores abdominais, alteração do funcionamento do intestino e período de internação hospitalar prolongados. A recuperação após o procedimento pode variar significativamente entre os pacientes, dependendo de vários fatores, como a complexidade da cirurgia, extensão da doença e estado geral do paciente”, conta ele, pontuando quais são as opções de tratamento pós-operatório.

“Podemos discutir indicação de tratamento com quimioterapia, com o objetivo de reduzir o risco de recorrência. No entanto, essa indicação será baseada em uma análise individual do caso. Ao ser indicada, sabemos que a quimioterapia pode trazer uma série de efeitos colaterais que impactam na qualidade de vida do paciente. Sendo assim, é fundamental o acompanhamento deste paciente com o oncologista e equipe multidisciplinar em centros oncológicos especializados para atenuar e ajustar tais efeitos adversos da quimioterapia, além de orientar medidas que envolvam cuidados físicos, emocionais e sociais ao paciente”, encerra.

 

Referências Bibliográficas

(*) Virgílio Souza, oncologista clinico, líder do Centro de Referência de Tumores Colorretais do A.C.Camargo Cancer Center.