ROMA, 03 MAI (ANSA) – Por Mauretta Capuano – O Movimento de Maio de 1968, deflagrado na França, deixou diversos traços na humanidade. Nada ficou como era antes dos protestos que eclodiram naquele ano.
E agora, meio século após a contestação que percorreu o mundo todo, ainda se discute seu significado e o legado que deixou.
Uma revolução sem precedentes? Bem-sucedida? Fracassada? De qualquer forma, o movimento mudou o estilo de vida da população, uniu a luta estudantil e operária, modificou os direitos da família e viu nascer o feminismo e aumentar a proteção aos trabalhadores.
Foi um ato social e político de protestos pelos direitos civis, que revelou as contradições da sociedade capitalista avançada.
Ocorreu em um mundo em revolta que parecia sem forças e atacado, mas que nunca deixou de proporcionar discussões.
Foram os estudantes universitários que acenderam as chamas da revolução, em meados dos anos 1960, nos Estados Unidos, com protestos contra a Guerra do Vietnã e o nascimento do movimento hippie.
Porém, o ano de 1968 foi um vento contagioso, uma tempestade, que rapidamente eclodiu na Europa Ocidental e teve seu ápice no breve, mas intenso Maio Francês.
Na Itália, as ações aconteceram dois anos antes e duraram mais que aquelas ocorridas na França. A primeira universidade italiana ocupada foi a de Trento, em 1967, ano em que o líder comunista Che Guevara morreu.
Em seguida, a Universidade Católica de Milão, a Faculdade de Letras de Turim e a Faculdade de Letras de Roma foram tomadas.
Nos locais, diversas atividades “contracultura” eram desenvolvidas.
A contestação chegou então às ruas e atingiu as fábricas, até que foi levada para Valle Giulia, zona central de Roma. Lá, os confrontos com a polícia, conhecidos como a “Batalha de Valle Giulia”, duraram horas, e a repercussão midiática foi imensa.
Ainda que os estudantes não tivessem armamento igual ao da polícia, foram à luta com pedras e galhos de árvores.
As imagens da época mostram carros virados e queimados, além de dezenas de feridos. Na Itália do “milagre econômico”, do individualismo e da corrida ao consumo, os jovens foram impulsionados espontaneamente a lutar por um mundo mais autêntico e justo. (ANSA)