A Espanha registrou, nesta quinta-feira (9), uma diminuição tímida no número diário de mortes por coronavírus, mas excedeu a barreira de 15.000 óbitos, enquanto aumenta a tensão pela gestão do governo da crise.

No total, 15.238 pessoas morreram dessa epidemia, 683 nas últimas 24 horas contra 757 no dia anterior, uma ligeira queda após dois dias consecutivos de alta, segundo dados do Ministério da Saúde.

No entanto, esses balanços são cada vez mais contestados, pois podem subestimar a mortalidade real, ao incluir apenas aqueles que testaram positivo para COVID-19, quando esses testes não são realizados em todos os casos suspeitos.

As autoridades da região de Madri, a mais afetada, reconheceram na quarta-feira que o número de mortes em casas de repouso pode inflar a cifra oficial, já que foram excluídas quase 3.500 mortes com sintomas da doença.

O governo do socialista Pedro Sánchez defende que esse cálculo é mais abrangente do que o aplicado em outros países vizinhos e corresponde às recomendações formuladas pela Organização Mundial da Saúde.

– Direita ataca o governo –

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As discrepâncias se cristalizaram durante um debate no Congresso para estender até 25 de abril o severo confinamento iniciado em meados de março.

Com apenas um sétimo do quórum para respeitar as medidas de distanciamento social, o debate começou com um minuto de silêncio para as vítimas do coronavírus, mas rapidamente se transformou em uma briga política.

“Os espanhóis merecem saber a verdade”, alfinetou o líder do Partido Popular (PP), Pablo Casado.

“A Espanha é o país do mundo com mais mortes por milhão de habitantes (…) Você não vai pedir perdão?”, lançou.

Embora sua formação tenha apoiado a extensão do confinamento, o jovem líder acusou o governo de subestimar a epidemia, de mentir nos balanços, colocar em risco os profissionais da saúde por não lhes fornecer material de proteção suficiente e arruinar o país ao paralisar por dez dias a atividade econômica não essencial.

Essa última medida, aplicada de 30 de março a 9 de abril, foi solicitada pelo próprio Partido Popular, que também detém o poder regional em Madri, onde o surto causa mais estragos.

“Enquanto em todos os países a pandemia serviu para minimizar as rivalidades políticas, na Espanha está servindo para agravar o confronto político”, lamentou Sánchez em uma intervenção na qual pediu “lealdade e unidade”.

– “Não baixar a guarda” –

Após quase um mês de confinamento, as autoridades destacam ter contido a epidemia, mas pedem à população que respeite as medidas de distanciamento social, a fim de “achatar a curva” e aliviar a pressão dos hospitais.

Os casos oficialmente diagnosticados somam 152.446, com uma ligeira diminuição de novas infecções em comparação com o dia anterior, e o número total de recuperações é de 52.165.

“A taxa de crescimento e a velocidade com que a doença está se espalhando estão diminuindo”, disse a Dra. María José Sierra, do centro de emergências em saúde.


As infecções e mortes agora aumentam menos de 5%, mas o saldo diário de contaminações continua a superar os que recebem alta.

“Nossa prioridade agora é não retornar sob nenhuma circunstância ao ponto de partida, não baixar a guarda”, disse Pedro Sánchez.

Desde 14 de março, os quase 47 milhões de espanhóis não podem sair de casa, exceto para trabalhar ou realizar atividades básicas, como comprar alimentos ou remédios.

O governo permitirá a partir de segunda que atividades não essenciais sejam retomadas, mas não descarta prolongar o confinamento para além de 25 de abril e alerta que o levantamento das restrições será muito gradual.


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