Com temperaturas altíssimas generalizadas registradas em locais incomuns como o País Basco, no norte, a Espanha vive, nesta quarta-feira (9), o dia mais sufocante de sua terceira onda de calor, enquanto a luta contra os incêndios em Portugal teve um refresco.

A Agência de Meteorologia (Aemet) espanhola alertou que esta quarta-feira poderia ser o dia mais quente em 73 anos, e que o calor dará uma trégua na sexta-feira, e não na quinta como era previsto inicialmente.

As temperaturas mais altas ocorreram na Andaluzia, segundo dados da Aemet de pouco antes das 19h locais (14h no horário de Brasília): em Roda de Andaluzia, uma cidade da província de Sevilha, foram registrados 44,6ºC, e no aeroporto de Granada, 44,1ºC.

“A temperatura média” na Espanha nesta quarta “provavelmente será recorde desde 1950. Será, provavelmente, um dos cinco dias mais quentes para um mês de agosto nos últimos 73 anos”, explicou a Aemet.

Onze regiões da Espanha estão em alerta vermelho, sinônimo de perigo extremo: três na Andaluzia (sul), duas na Comunidade de Madri, duas em Castela-Mancha (centro), três no País Basco (norte) e uma em Castela e Leão (norte).

Quase todo o resto do país, salvo a costa, está em alerta, mas em níveis mais baixos.

Na quinta-feira, o calor extremo se deslocará em direção à costa leste, com apenas quatro regiões em alerta vermelho, todas situadas ao sul de Valência, onde as temperaturas podem alcançar os 43ºC. Na sexta-feira, a região do sul da Andaluzia será a mais castigada, mas sem alertas vermelhos.

Os especialistas consideram que o aumento do número, da duração e da intensidade dessas ondas de calor é consequência da mudança climática.

– Refresco em Portugal –

A península ibérica tem sido duramente afetada pelo aquecimento global, pois as ondas de calor e a consequente seca favorecem os incêndios.

Em menos de uma semana, 15 mil hectares queimaram nos dois países, especialmente em Portugal, onde os incêndios deixam pelo caminho paisagens desoladoras.

O incêndio na região portuguesa de Odemira (sul) foi declarado “sob controle” ao meio-dia desta quarta-feira, após ter arrasado 8.400 hectares em cinco dias, segundo um novo balanço, disse em coletiva de imprensa o comandante da Defesa Civil, Vitor Vaz Pinto.

Mil bombeiros apoiados por 359 veículos e 15 aviões, permanecem mobilizados por “possíveis reativações ao longo do dia”. Cerca de 1.500 pessoas tiveram de ser retiradas de suas casas e 42 foram atendidas pelos serviços de emergência.

Mais cedo, os bombeiros previram uma melhora da situação graças à suavização das condições meteorológicas.

A previsão é que a umidade aumente e as temperaturas baixem, sobretudo no litoral, onde se espera que as temperaturas voltem a cair abaixo dos 30ºC. O risco de incêndios, no entanto, segue alto, com temperaturas que oscilam entre 32ºC e 38ºC no interior do país.

– Sobreiros centenários ameaçados –

Na Espanha, quase todo o país está em alerta vermelho devido ao risco extremo de incêndios.

Em Extremadura (sudoeste), região fronteiriça com Portugal, dezenas de bombeiros espanhóis seguem lutando contra as chamas, com a ajuda de mais de uma dezena de aviões.

O governo regional indicou que a evolução do incêndio, declarado na segunda-feira no município de Valência de Alcântara, e que havia queimado 350 hectares, era “favorável” na manhã desta quarta.

Estamos preocupados e angustiados, porque temos uma massa florestal enorme, alguns sombreiros centenários e nos dá muita pena”, disse Joaquín Diéguez, proprietário de um hotel na região.

Segundo estimativas provisórias, em 2023, já foram queimados quase 100 mil hectares em Espanha e Portugal, frente a um total de mais de 400 mil em 2022

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