O governo espanhol assegurou nesta terça-feira (28) que está “muito perto” de alcançar um acordo definitivo com o Reino Unido sobre as regras de livre circulação de pessoas e mercadorias entre o território britânico de Gilbratar e a Espanha.

Estamos “muito perto de fechar o acordo”, indicou a jornalistas o ministro espanhol de Relações Exteriores, José Manuel Albares, em Bruxelas, onde participa de uma reunião dos países da Otan, à margem da qual tem previsto se encontrar com seu contraparte britânico, David Cameron.

“Restam alguns trechos para negociar e é disso que vamos começar a tratar hoje”, detalhou Albares, que disse que Cameron lhe transmitiu “esse desejo de avançar”.

Perguntado pela imprensa, o ministro espanhol acrescentou que não é “capaz de dar um horizonte temporal” para a assinatura do acordo. “Não há divergências sobre o conteúdo do acordo, mas tem que se encontrar a fórmula correta” para que possa “se concretizar”, explicou.

No final de 2020, a Espanha e o Reino Unido alcançaram no último minuto um acordo temporário sobre Gibraltar, o território ultramarino britânico situado no extremo sul da Espanha, apelidado de “el Peñón” (a Rocha) por seu famoso penhasco.

O acordo concedeu liberdade de circulação a trabalhadores e a turistas para evitar transtornos. Desde então, os países seguiram negociando para assinar um acordo definitivo.

Em uma declaração enviada à AFP, o governo de Gibraltar afirmou saudar “a retomada das negociações”, e assegurou “trabalhar estreitamente” com o Executivo britânico para “conseguir um acordo […] o quanto antes”.

Há um ano, a Espanha e a Comissão Europeia propuseram ao governo britânico a criação de uma zona de prosperidade compartilhada com Gibraltar. Isto envolveria a Espanha assumir, em nome do espaço Schengen, o controle das fronteiras externas de Gibraltar. Também que a fronteira terrestre entre o território e Espanha seja eliminada para garantir a fluidez da circulação de pessoas e mercadorias.

A Espanha cedeu Gibraltar à Coroa Britânica em 1713 como parte do Tratado de Utrecht, mas desde então reivindicou a soberania, o que levou a atritos fronteiriços regulares e a tensões diplomáticas entre a Espanha e o Reino Unido, atingindo o seu nível mais elevado em 1969, quando o regime de Francisco Franco ordenou o fechamento da fronteira, que só foi totalmente reaberta em 1985.

Cerca de 15 mil pessoas, a maioria espanhóis, atravessam diariamente a fronteira para trabalhar no território britânico, com cerca de 34 mil habitantes.

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