A Espanha não estará representada na posse da nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, no dia 1º de outubro, em resposta à decisão do México de não convidar o rei Felipe VI por se recusar a condenar as “queixas” da conquista espanhola.

A própria Sheinbaum emitiu um comunicado nesta quarta-feira (25), no qual explica os “antecedentes” que a levaram a convidar apenas o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e não o monarca, que é quem costuma representar a Espanha nas cerimônias de posse latino-americanas antes mesmo de se tornar rei.

Entre estes “antecedentes”, Sheinbaum cita a carta que o atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, enviou ao rei em 2019 convidando a ele e ao papa a reconhecerem “os danos causados” pela Conquista do México (1521-1821).

“Infelizmente, esta carta ficou sem resposta”, acrescentou a presidente eleita, criticando também o fato de ter vazado à imprensa.

Aquela que será a primeira presidente da história do México esclareceu que já abordou o assunto com Sánchez. “Há alguns dias ele me ligou e conversamos sobre isso”, acrescentou sem dar detalhes.

López Obrador, presidente desde 2018, decretou duas vezes uma “pausa” nas relações bilaterais com a Espanha, uma vez pela emissão da carta e outra por considerar abusivas as práticas das empresas energéticas espanholas no México.

Horas antes das explicações de Sheinbaum, o Ministério das Relações Exteriores espanhol emitiu um comunicado qualificando como “inaceitável” que o rei Felipe VI não tenha sido convidado.

“O Governo da Espanha considera inaceitável a exclusão de Sua Majestade o Rei do convite para a posse”, afirmou o Ministério em um comunicado na noite de terça-feira. “Por isso (…) decidiu não participar em nenhum nível da referida posse”, acrescentou.

As autoridades mexicanas publicaram há uma semana a lista de personalidades que comparecerão à cerimônia de posse da primeira mulher presidente da história do país.

O monarca espanhol não aparece na lista, que inclui importantes líderes da esquerda latino-americana, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e outras figuras como Jill Biden, esposa do presidente dos Estados Unidos.

“O chefe de Estado, o rei da Espanha, sempre comparece a todas as posses e por isso não podemos aceitar que neste caso seja excluído”, disse nesta quarta-feira a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, em declarações à imprensa no Congresso dos Deputados.

“Portanto”, continuou Robles, “se o chefe de Estado for excluído, a Espanha não estará representada, o que lamentamos muito porque o povo mexicano é um povo irmão”.

Como herdeiro do trono e posteriormente rei, Felipe VI participou em cerca de 80 cerimônias de posse na América Latina, segundo o jornal espanhol El País, que acrescenta que a ausência do rei “em um dos países mais importantes da comunidade ibero-americana não passaria despercebida”.

Espanha e México estão unidos por poderosos laços históricos, humanos e econômicos, que esfriaram durante o mandato de López Obrador. O presidente em fim de mandato declarou duas vezes uma “pausa” nas relações com sua ex-potência colonial.

Quando chegou ao poder, López Obrador, do mesmo partido de Sheinbaum, exigiu um “pedido de desculpas” do rei da Espanha e do papa pela conquista e colonização (1521-1821) do México. Madri evitou responder.

A Espanha é o segundo país com maiores investimentos no México, atrás apenas dos Estados Unidos, e milhares de empresas espanholas operam em território mexicano, entre elas BBVA e Santander, os principais bancos do mercado mexicano.

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BBVA – BANCO BILBAO VIZCAYA-ARGENTARIA

BANCO SANTANDER