O custo das inundações que devastaram o sudeste da Espanha promete ser astronômico, mas ainda é complicado calcular o valor devido à magnitude dos danos, um desafio para o Estado e as seguradoras.

A água e lama que atingiram principalmente a região de Valência deixaram um rastro de edifícios destruídos, milhares de automóveis empilhados nas estradas, pontes e ferrovias que devem ser reconstruídas e muitas empresas na ruína, em particular no setor agrícola.

“Vamos enfrentar o sinistro mais importante por eventos climáticos que já sofremos na Espanha”, disse Mirenchu del Valle, presidente da federação de seguradoras Unespa.

“Ainda é cedo para fazer estimativas, mas à medida que observamos mais imagens, sabemos que, em termos econômicos, certamente terá um custo elevadíssimo”, afirmou Celedonio Villamayor, diretor do organismo responsável por pagar indenizações em caso de desastre natural, o CCS.

As inundações de julho de 2021 que afetaram Alemanha, Bélgica, França, Áustria e Países Baixos, com um balanço de mais de 200 mortos, tiveram um custo de 43 bilhões de dólares (249 bilhões de reais na cotação atual), segundo a resseguradora Swiss Re.

– “Consequências incalculáveis” –

Independente do custo final, as inundações pesarão sobre as finanças do Estado e da região da Comunidade Valenciana, a mais afetada pelas chuvas torrenciais, que deixaram pelo menos 218 mortos.

O governo regional já anunciou uma ajuda de emergência de 250 milhões de euros (270 milhões de dólares, 1,56 bilhão de reais), isenções fiscais e compensações para as empresas.

Ao lado do governo central, as autoridades financiarão os custos das operações de limpeza e das obras de reconstrução.

O Ministério dos Transportes calculou os “investimentos necessários” para restaurar a rede de transporte em 2,6 bilhões de euros (2,83 bilhões de dólares, R$ 16 bilhões), uma avaliação ainda “provisória”.

Mas a maior parte da conta será enviada ao setor de seguros, que precisará indenizar empresas e cidadãos.

Segundo uma estimativa inicial da Câmara de Comércio de Valência, 4.500 estabelecimentos comerciais de rua podem ter sido afetados. Áreas industriais também foram atingidas e as empresas de transporte da região perderam vários caminhões.

No setor rural, os danos também são enormes, em particular para os produtos cítricos, dos quais a região de Valência é uma das principais exportadoras. O sindicato agrícola regional ‘La Unión’ calcula que 50.000 hectares de plantações foram afetados.

O custo para o setor pode alcançar 150 milhões de euros (163 milhões de dólares, 944 milhões de reais), de acordo com uma estimativa inicial da Agroseguro, entidade que administra os seguros agrícolas.

As perdas são “catastróficas” e suas “consequências incalculáveis”, destacou o sindicato Asaja.

O ministro da Economia, Carlos Cuerpo, anunciou que “400 peritos” avaliam os danos na região. Ele também informou que o governo recebeu 46.000 pedidos de indenizações, um nível sem precedentes.

As seguradoras na Espanha têm, em caso de catástrofe natural, um fundo de garantia comum, financiado com parte das apólices de seguro convencionais.

Este fundo é administrado pela CCS, vinculada ao Ministério da Economia, a entidade que cobrirá a maior parte das indenizações.

Fontes do setor garantiram que o sistema tem reservas suficientes para pagar os custos.