Dois meses depois de ter recebido o barco “Aquarius”, a Espanha abriu novamente, nesta quinta-feira (9), um de seus portos a uma embarcação com imigrantes resgatados no Mediterrâneo central.

O barco “Open Arms”, fretado por uma ONG espanhola, atracou no porto de Algeciras para desembarcar os 87 imigrantes resgatados há uma semana na costa líbia.

O navio atracou no cais de San Roque, na baía de Algeciras, extremo-sul da Espanha.

As autoridades espanholas pediram que a chegada deste barco humanitário fosse feita de forma discreta, sem dispositivos excepcionais, sete semanas após a acolhida do navio “Aquarius”, que teve muita repercussão.

Os meios de comunicação não tiveram acesso ao porto e apenas registraram a chegada a distância.

Recentemente, a Espanha abriu em San Roque um novo centro de acolhida de imigrantes. Centenas deles chegam a cada semana ao litoral da Andaluzia em embarcações precárias e sobrecarregadas.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Ao oferecer um porto para este barco, a Espanha volta a se distanciar da Itália, país que se nega a acolher navios de ONGs que patrulham o Mediterrâneo para socorrer imigrantes à deriva.

O novo governo espanhol do socialista Pedro Sánchez afirmou que, nas acolhidas anteriores, como no caso do “Aquarius”, foram oferecidas permissões especiais de estada temporária, o que não acontecerá nesta ocasião.

Já a França anunciou que acolherá 20 deles, como já fez recentemente com outros navios que chegaram a Valência (“Aquarius”), Malta (“Lifeline”) e Pozzallo, na Sicília, “dentro do espírito de solidariedade europeia e levando em conta a situação da Espanha, que enfrenta uma importante chegada de imigrantes”, afirmou Paris.

Madri critica o governo anterior, dirigido pelo conservador Mariano Rajoy, por não ter preparado o país para o previsível aumento do fluxo migratório.

Enquanto isso, direita e extrema direita acusam o gabinete socialista de criar uma situação delicada, ao receber com tantas honras os navios de ONGs de resgate.

O prefeito conservador de Algeciras, José Ignacio Landaluce, também se mostra preocupado com a ideia de que sua cidade, de 125.000 habitantes, converta-se no “único porto de acolhida” dos serviços de salvamento marítimo e das ONGs.

A Espanha superou Itália e Grécia, tornando-se, este ano, a porta de entrada na Europa de imigrantes em situação. Mais de 24.000 – em sua maioria africanos – chegaram por mar ao país desde janeiro, relata a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Depois de uma longa travessia pelo Mediterrâneo central, a Proactiva Open Arms levou 75 homens adultos e 12 menores de idade para Algeciras.

A ONG afirma que muitos procedem de Darfur – cenário de uma guerra civil no Sudão – e sofreram repetidos abusos na Líbia.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias