A Espanha realizou recentemente seu primeiro transplante com doadora viva. A cirurgia, que é considerada polêmica, foi feita em 5 de outubro, no Hospital das Clínicas de Barcelona, entre duas irmãs. As informações são da revista Crescer.

Uma das irmãs nasceu sem útero, segundo o diário espanhol ABC, e a outra, que já tinha dois filhos, não queria mais engravidar. A mulher transplantada já teve seu primeiro ciclo menstrual e há vários embriões aguardando o momento ideal para serem implantados para realizar seu sonho de engravidar e se tornar mãe.

Segundo o jornal ABC, a cirurgia não foi anunciada publicamente porque aconteceu sem a autorização da Organização Nacional de Transplantes (ONT), embora tenha sido realizada com a chancela da Organização Catalã de Transplantes (Aocatt) e da comissão de ética do hospital.

Para aprender a técnica correta, antes do procedimento a equipe viajou para o México, para Dallas, nos EUA, e para a Índia, países que realizam a intervenção há anos.

Esse tipo de transplante útero é considerado uma solução temporária e, assim que o segundo nascimento ocorre, as pacientes transplantadas devem ser submetidas a uma nova cirurgia para remover o órgão e evitar problemas de longo prazo com imunossupressão, o tratamento que evita a rejeição do novo útero e enfraquece o sistema de defesa do corpo.

A Organização Nacional de Transplantes alega que o útero não é um órgão vital, como coração ou fígado, por exemplo, e que por isso ela não autoriza o procedimento, porque ele é realizado com duas pessoas vivas. Nesse caso, ambas corriam risco de cirurgias complicadas com o único objetivo de realizar o desejo de uma mulher ser mãe biológica.

Outra questão apontada pela ONT, segundo a imprensa local, é de que autorizar esse tipo de procedimento abriria precedentes para que homens pudessem solicitá-lo e tentar engravidar, causando um “choque cultural”.