Espanha reage às acusações de Netanyahu contra Sánchez

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou seu homólogo espanhol, Pedro Sánchez, de incitar o genocídio contra Israel, o que provocou nesta sexta-feira (12) uma reação indignada de Madri.

“Fico surpresa que alguém como Netanyahu, que está cometendo as atrocidades que está cometendo em Gaza, violando todas as normas do direito humanitário, do direito internacional, que até mesmo enfrenta oposição dentro de seu próprio país, se dê ao luxo de dar lições a outros países”, reagiu a ministra espanhola da Defesa, Margarita Robles, à emissora Antena 3.

O gabinete de Netanyahu publicou na quinta-feira uma mensagem no X em que acusava Sánchez de fazer uma “ameaça genocida” contra Israel.

O chefe do governo espanhol anunciou na segunda-feira medidas para “deter o genocídio em Gaza”, com a esperança de “aumentar a pressão” sobre o governo de Netanyahu.

“A Espanha, como sabem, não tem bombas nucleares. Também não tem porta-aviões nem grandes reservas de petróleo. Sozinhos, não podemos deter a ofensiva israelense, mas isso não significa que vamos deixar de tentar”, disse então o líder socialista.

“O primeiro-ministro espanhol Sánchez declarou ontem que a Espanha não pode deter a batalha de Israel contra os terroristas do Hamas porque ‘a Espanha não tem armas nucleares’. Trata-se de uma ameaça genocida flagrante contra o único Estado judeu do mundo”, reagiu nesta quinta-feira o gabinete de Netanyahu.

No mesmo dia, o Ministério das Relações Exteriores da Espanha publicou um comunicado em que enfatizou que “o povo espanhol é amigo do povo de Israel e do povo da Palestina”, e em que qualificou as declarações de Netanyahu como “falsas e caluniosas”.

As novas acusações israelenses ocorrem após uma semana de fortes tensões entre Israel e Espanha. Após Sánchez anunciar as medidas para Gaza, chamou para consultas sua embaixadora em Tel Aviv.

Israel, por sua vez, já não tinha embaixador em Madri desde o reconhecimento do Estado da Palestina pelo governo espanhol em maio de 2024.

Sánchez é uma das vozes europeias mais críticas à campanha militar que Israel realiza em Gaza desde 7 de outubro de 2023, em retaliação ao ataque sem precedentes lançado naquele dia em seu território pelo movimento islamista palestino Hamas.

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