Milhares de bombeiros, apoiados por militares, helicópteros e aeronaves de países vizinhos, enfrentavam, nesta segunda-feira (18), mais de 20 grandes focos de incêndio que devastavam o oeste da Espanha e já superaram o pior ano de registros de devastação pelas chamas.
“Neste momento, temos 23 incêndios ativos em situação operacional dois”, que indica uma ameaça grave e direta à população, declarou à TVE Virginia Barcones, diretora-geral da Proteção Civil e Emergências da Espanha.
Milhares de pessoas foram evacuadas. Nas últimas horas, um bombeiro morreu na Espanha e outro em Portugal, elevando o número de mortos para 4 no primeiro país e 2 no segundo.
Os incêndios na Espanha, agora em sua segunda semana, concentram-se nas regiões de Galícia, Castela e Leão e Extremadura, onde milhares de pessoas abandonaram suas casas e dezenas de milhares de hectares foram queimados.
“Sente-se muita impotência e, sobretudo, muita indignação, pela falta de recursos, pelo abandono, pelo desastre na gestão”, disse à AFP José Carlos Fernández, um massagista de 47 anos da localidade de Benavente, na região de Castela e Leão.
“Aqui não apareceu ninguém, ninguém”, reclamou Patricia Vila, de 42 anos, à AFPTV na vila de Vilamartin de Valdeorras, na província de Ourense, na Galícia.
Não chegou “nenhum maldito helicóptero, nenhum avião que pudesse refrescar um pouco”, acrescentou.
“Tivemos que fugir porque o fogo vinha de todas as partes: por todo lado, por cima de nós, por baixo de nós, ao nosso redor”, descreveu Isidoro, de 83 anos, também em Vilamartin de Valdeorras.
Desde o início do ano, mais de 343.000 hectares queimaram na Espanha, um número em ascensão que já constitui um recorde, segundo o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS).
O ano de 2022 era, até agora, o pior quanto à superfície devastada pelas chamas na Espanha, com 306.000 hectares queimados.
Portugal detém o recorde europeu desde que os registros começaram em 2006, com 563.000 hectares queimados em 2017, em incêndios que deixaram 119 mortos.
O país também sofre com as chamas neste verão, com 216.000 hectares devastados em 2025.
As chamas forçaram o fechamento do trecho “entre Astorga e Ponferrada” da popular peregrinação cristã do Caminho de Santiago, que recebeu quase meio milhão de pessoas em 2024, informaram as autoridades.
As esperanças de melhoria estão muito ligadas ao fim do calor brutal que a Espanha viveu e que no domingo registrou temperaturas de 45º C em vários pontos do sul do país e de 40º C em muitos outros locais.
A agência meteorológica nacional da Espanha (Aemet) indicou que esta segunda-feira era o “último dia desta onda de calor” que durou 16 dias.
Além disso, recursos aéreos de França, Itália, Eslováquia e Países Baixos, além de bombeiros de Alemanha e França, participam do combate às chamas na Espanha, enquanto Portugal recebe apoio aéreo da Suécia e do Marrocos.
“É uma situação muito difícil, muito complicada”, explicou a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, à TVE, referindo-se à “virulência” e “magnitude” dos incêndios, e à fumaça, visível do espaço, que dificulta a “ação aérea”.
“Há muita fumaça, cheiro de queimado, dificuldade na visibilidade, como se houvesse nevoeiro, as montanhas que estão a 1 km não são visíveis”, confirmou por telefone à AFP Andrea Fernández, uma moradora de 29 anos de Ribadelago, em Castela e Leão.
Na Espanha, um bombeiro morreu na noite de domingo quando o veículo que conduzia, transportando água, capotou na província de León, informou o governo local na rede social X.
O veículo integrava um comboio que saiu da área de incêndios para descansar em uma parte íngreme da floresta e acabou despencando.
Dois outros homens, bombeiros voluntários, morreram em Castela e Leão enquanto combatiam as chamas e, antes disso, um funcionário romeno de um centro de hipismo ao norte de Madri perdeu a vida ao tentar proteger os cavalos.
Em Portugal, um bombeiro morreu no domingo em um “acidente de trânsito” que deixou “dois feridos graves” entre seus colegas.
Esta foi a segunda morte no país, depois que um ex-prefeito que combatia as chamas morreu na sexta-feira em Guarda, leste do país.
Portugal enfrenta principalmente um grande incêndio perto de Arganil, no centro, onde atua a metade dos 2.000 bombeiros mobilizados para extinguir os focos no país.
Após uma reunião sobre os incêndios, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, expressou “confiança total” no dispositivo que combate as chamas e lembrou que seu país viveu “24 dias de condições meteorológicas de uma severidade sem precedentes”.
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