A espaçonave Soyuz com o robô humanoide Fedor a bordo, o primeiro a ser enviado pela Rússia ao espaço, não conseguiu se acoplar neste sábado (24) à Estação Espacial Internacional (ISS), um novo revés para o setor espacial russo.

O acoplamento previsto para 05H30 GMT (02h30 de Brasília) em modo automático não pôde ser executado e a nave teve que se afastar da ISS “a uma distância segura”, de acordo com o Centro Russo de Controle de Voos Espaciais.

Às 05h36 GMT (02h36 de Brasília), “os cosmonautas russos ordenaram o cancelamento da amarração automática da cápsula russa Soyuz à Estação Espacial Internacional depois que o dispositivo não conseguiu entrar no módulo de ancoragem Poisk”, informou a NASA em um comunicado.

O diretor da agência espacial russa Rocosmos, Dmitry Rogozin, afirmou no Twitter que na terça-feira de manhã seria feita uma nova tentativa. Inicialmente havia sido informado que a nova tentativa poderia ocorrer na segunda-feira.

“A situação é difícil, mas (está) sob controle”, afirmou Rogozin.

Segundo o chefe da parte russa da Estação, Vladimir Soloviov, citado pela agência oficial TASS, “a análise de telemetria mostrou que houve falhas no equipamento de rádio” da ISS, que “são possíveis de corrigir”.

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Soloviov disse que a equipe da ISS tentará agora substituir parcialmente esse equipamento.

A transmissão ao vivo da acoplagem no site da Roscosmos foi interrompida quando a Soyuz estava a cerca de 100 metros da estação.

– Nova decepção –

Esta é uma nova decepção para o setor espacial russo, que sofreu nos últimos anos humilhantes acidentes e escândalos de corrupção.

Em outubro passado, um acidente em uma Soyuz minutos depois de decolar obrigou os astronautas a bordo – o americano Nick Hague e seu colega russo Alexei Ovtchinin – a um pouso de emergência.

Foi o primeiro fracasso na história dos voos tripulados da ISS.

O Fedor, que leva o número de identificação Skybot F850, partiu na quinta-feira a bordo do foguete Soyuz, lançado do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão. O robô deveria chegar à ISS neste sábado e ficar 10 dias.

O robô, com corpo antropomórfico prateado, mede 1,80 metro e pesa 160 quilos. Fedor é um nome russo (Feodor) e também uma sigla em inglês: “Final Experimental Demonstration Object Research”.

Fedor tem contas nas redes sociais Instagram e Twitter, nas quais divulga informações sobre sua vida diária e suas proezas, como aprender a abrir uma garrafa de água.

A bordo da ISS, o robô vai participar em diferentes atividades, sob a supervisão do cosmonauta russo Alexander Skvortsov, que chegou à Estação Espacial Internacional no mês passado.

Fedor deve testar suas capacidades em condições de gravidade muito reduzida. Uma de suas principais habilidades é imitar os movimentos humanos e, desta maneira, poderá ajudar os astronautas a cumprir suas tarefas.


As operações o obrigarão a manejar uma chave de fenda e outras chaves, afirmou Alexander Bloshenko, diretor de programas da agência espacial russa, Roscosmos, em uma entrevista ao jornal Rossiyskaya Gazeta.

Fedor não é o primeiro robô a viajar ao espaço.

Em 2011, a Nasa enviou ao espaço um robô humanoide chamado Robonaut 2, desenvolvido em parceria com a General Motors, com o mesmo objetivo de testar suas atividades em um ambiente de risco elevado.

O robô retornou à Terra em 2018 por problemas técnicos.

Em 2013, o Japão enviou ao espaço o pequeno robô, Kirobo, coincidindo com a chegada do primeiro comandante japonês da ISS, Koichi Wakata.

Kirobo era capaz de falar, mas apenas em japonês.


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