ROMA, 13 MAI (ANSA) – O esmoleiro apostólico do papa Francisco, cardeal Konrad Krajewski, reativou por conta própria o fornecimento de energia elétrica em um prédio ocupado por mais de 400 pessoas em Roma, capital da Itália.   

Krajewski é o chefe da Esmolaria Apostólica, órgão responsável pelas ações de caridade do Pontífice, mas disse ter tomado a atitude a título “pessoal”. As famílias do edifício ocupado estavam sem luz e água quente desde 6 de maio.   

“Intervim pessoalmente para religar os disjuntores. Foi um gesto desesperado. Mais de 400 pessoas estavam sem energia, com famílias, crianças, sem a possibilidade sequer de ligar as geladeiras”, disse o cardeal à ANSA.   

O episódio ocorreu na noite do último sábado (11) e irritou o ministro do Interior e vice-premier da Itália, Matteo Salvini, que falou para o esmoleiro também pagar os “300 mil euros em contas atrasadas”.   

A ocupação abriga 420 pessoas, incluindo 98 menores de idade, e funciona em uma antiga sede do Instituto Nacional de Previdência e Assistência para os Servidores Públicos (Inpdap), órgão extinto pelo governo em 2011.   

Ocupado desde outubro de 2013, o edifício conta até com um restaurante, uma carpintaria e um laboratório de cerveja artesanal. A dívida na conta de energia elétrica foi acumulada desde o início da ocupação.   

“A partir deste momento, quando religuei os disjuntores, eu pago, não tem problema”, disse Krajewski nesta segunda-feira (13), rebatendo Salvini, ao jornal Corriere della Sera. “Aliás, pago até suas contas [do ministro]”, ironizou o cardeal.   

O esmoleiro, no entanto, pode ser alvo de um inquérito do Ministério Público de Roma por furto de energia. Tido como um “padre de rua” por causa de sua atuação junto aos mais necessitados, Krajewski é polonês e trabalhou em uma empresa de energia elétrica em seu país antes de entrar para o sacerdócio.   

A empresa fornecedora percebeu a anomalia na distribuição e foi à ocupação escoltada pela polícia, mas os moradores cercaram a central elétrica do prédio e impediram o corte no abastecimento.   

(ANSA)