01/06/2019 - 7:00
O prólogo de Uma Mulher no Escuro, novo romance de Raphael Montes que chega neste fim de semana às livrarias, é de tirar o fôlego – em 1998, no aniversário de seus quatro anos, Victoria é a única sobrevivente de um crime terrível. Um homem invadiu sua casa e matou a família a facadas, pichando seus rostos com tinta preta. Na mesma noite, Santiago, um jovem de dezessete anos, se entregou à polícia, sem nunca explicar por que matou a família Bravo nem por que deixou a caçula viva. Vinte anos depois, Victoria tornou-se uma mulher tímida, com problemas de relacionamento e atormentada por pesadelos frequentes.
“Mesmo assim, ela não tenta desvendar seu misterioso passado, até que um fato vai perturbá-la”, conta Montes, em conversa com o Estado. Trata-se de uma desagradável surpresa: Victoria descobre que seu ursinho de pelúcia, Abu, teve o rosto pichado e, nas paredes de seu apartamento, foi pichado o seguinte convite: “Vamos brincar?” A provocação obriga a garota a tentar desvendar o mistério que marcou sua infância, agora diante de três suspeitos: um psiquiatra, um amigo feito pela internet e um possível namorado.
Uma Mulher no Escuro marca a estreia de Montes no thriller psicológico, seguindo os passos de alguns de seus ídolos literários, como a americana Patrícia Highsmith, especialista em tramas aparentemente banais, com crimes estúpidos e sem sentido, mas que provocam angústia no leitor justamente por serem próximas da vida real. “A cada novo livro, busco novos desafios. Assim, além de um texto de suspense, concluí que era chegada a hora de ter uma protagonista, uma mulher que fosse vítima e que se tornaria heroína por força dos acontecimentos.”
Aos 28 anos, Raphael Montes já ostenta uma carreira sólida e reconhecida. Sua estreia literária, em 2012, com Os Suicidas, chamou atenção de alguns críticos atentos à ousadia do tema – a disposição de jovens de tirar a própria vida, antecipando o sucesso da série Thirteen Reasons Why. Na época, o escritor carioca, advogado de formação, tinha apenas 22 anos.
O salto definitivo para o reconhecimento, porém, veio em 2014, quando lançou Dias Perfeitos – a história de um amor obsessivo e paranoico conseguiu elogio de um papa da escrita noir, o americano Scott Turow, que vaticinou: “Raphael certamente redefinirá a literatura policial brasileira e vai surgir como uma figura da cena literária mundial”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.