O que para o técnico Tite é uma “dor de cabeça”, para os treinadores com problemas no gol seria uma bênção. Três goleiros de primeira linha competem, treino após treino, pela posição de guardião da meta brasileira.

Ederson, Alisson e Weverton conquistaram troféus na Inglaterra, Portugal e Brasil: Liga dos Campeões, Copa Libertadores, Copa América, Olimpíadas e Mundial de Clubes. Eles são titulares absolutos em seus clubes – Manchester City, Liverpool e Palmeiras -, mas na seleção brasileira dois deles terão que se contentar com o banco.

“O lado positivo é que a seleção tem goleiros muito bons. É uma boa dor de cabeça para Tite”, diz Ederson, que foi quem mais jogou até agora nas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2022 e na Copa América-2021, onde enfrenta o Peru nesta segunda-feira pelas semifinais.

“O lado negativo é que só um pode jogar. Nós três queremos jogar, mas é uma decisão do treinador. É uma disputa saudável entre nós três. Damos o nosso melhor nos treinos e assim a seleção brasileira é a única que ganha”, explicou.

Tite já fez revezamento com os goleiros nas duas competições, onde o Brasil soma dez vitórias e um empate e sofreu apenas quatro gols, o que faz da sua defesa a menos vazada da América do Sul.

O goleiro dos ‘Citizens’ de Pep Guardiola entregou o gol zerado nos cinco jogos da ‘Canarinha’ em que foi titular, três nas Eliminatórias para Catar-2022 e dois no torneio sul-americano que está acontecendo no Brasil.

Nem o venezuelano Salomón Rondón, o uruguaio Edinson Cavani, o paraguaio Miguel Almirón, o peruano Gianluca Lapadula, os chilenos Alexis Sánchez e Eduardo Vargas conseguiram superá-lo.

– Vantagem para Alisson –

Ederson, de 27 anos, soube abrir um espaço para si em uma posição em que Alisson parecia intocável, mas contusões e uma temporada irregular com os ‘Reds’ fizeram com que o ex-goleiro da Roma perdesse espaço na Seleção.

O camisa 1 do Liverpool de Jürgen Klopp foi titular em três jogos do Brasil. Ele se impôs sobre Enner Valencia na primeira partida contra o Equador nas Eliminatórias, mas no segundo jogo, pela Copa América, Ángel Mena o superou.

Contra o venezuelano Fernando Aristeguieta, na abertura do torneio continental, ele saiu ileso.

“Alisson teve um pequeno contratempo na temporada passada, foi o ano em que mais gols sofreu e Ederson e Weverton subiram de nível. Essas duas situações fizeram Tite mudar, embora ele confie nos três”, afirma André Galvão, jornalista esportivo do SBT.

O goleiro do Liverpool, de 28 anos, foi titular na conquista da Copa América-2019. Ele jogou nos seis jogos e só sofreu um gol do atacante peruano Paolo Guerrero, de pênalti, na final que o Brasil venceu por 3 a 1.

Brilhante na conquista da Libertadores-2020 com o Palmeiras, Weverton jogou em três partidas, duas nas Eliminatórias e uma na Copa América. E é também o que mais gols sofreu: foram três. Dois dos peruanos nas Eliminatórias, e um golaço da Colômbia, em uma meia-bicicleta de Luis Díaz que desponta como o gol mais bonito da Copa América-2021.

“Quando alguém sofre um gol, toda a equipe sofre. Quando mantemos a meta em zero, somos todos nós, porque é um esforço conjunto, não individual”, diz Ederson.

– Taffarel, o ‘juiz’ –

Embora a escolha final passe por Tite, o treinador valoriza o conceito de campeão mundial: Taffarel, tetracampeão em 1994 nos Estados Unidos e hoje preparador de goleiros da Seleção.

“Temos três grandes goleiros. O Taffarel é a pessoa, juntamente com o Marquinho (outro treinador de goleiros), que mais ouço para tomar uma decisão nesse sentido (a escolha do titular). Estou muito tranquilo com qualquer goleiro que possa ser utilizado”, diz o técnico.

Destaque na disputa de pênaltis na final da Copa do Mundo de 94 contra a Itália, Taffarel reconheceu a dificuldade que é escolher um deles, embora ele esclareça que opta pelo que vê de melhor nos treinos e pelo atual nível do trio.

“O Ederson, dos três, é quem joga melhor com os pés. Aliás, é um dos melhores goleiros que eu vi jogando com os pés. Tem uma facilidade muito, muito grande. Não que o Alisson e o Weverton não saibam jogar”, ressalta o preparador ao portal Globo Esporte.

“Mas nossa escolha não é com base nisso, até porque a gente tem a consciência que o goleiro não é só jogar com os pés, tem que ser um goleiro completo, primeiro que seja um goleiro que defenda bem”, afirma Taffarel. “É muito difícil fazer uma escolha”.

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