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No mundinho dos carros, a guerra do momento ocorre no segmento de sedãs médios. Mais especificamente entre as novas gerações do Honda Civic (foto) e do Chevrolet Cruze, que tentam de todas as formas derrubar o eterno líder Toyota Corolla. Parece difícil fazer a escolha certa, mas não é.

Carros são como pessoas. Eles não falam, mas têm personalidade. E podem ser boa ou má companhia. “Diga-me com quem andas e te direi quem és” serve para as gentes, mas também para os automóveis.

O Corolla atual estreou em 2014. Portanto, a nova geração chega só em 2018. Ele é um conservador assumido e vai manter sua personalidade. Palavra da Toyota. Por ser líder (disparado) de mercado, o Corolla tem o design mais convencional, com seus três volumes bem salientes. Isso não o torna feio, longe disso. Ele é apenas tradicional. Por isso, é fácil vender um Corolla (a própria Toyota paga 5% a mais que o mercado na hora da troca se você o financiar, quando chegar a 85% do valor pago).

O Cruze e o Civic foram lançados este ano. A GM ousou bastante no desenho do Cruze e deixou o carro bem mais esportivo. E a Honda simplesmente extrapolou: o carro tem linhas tão ousadas que nem parece um sedã. Parece mais um cupê de quatro portas. Se não tivesse quatro portas, poderia até ser chamado de fastback ao invés de sedã. Graças a isso, o Civic conseguiu um porta-malas de 519 litros (contra 470 do Corolla e 440 do Cruze).

Por enquanto, o visual do novo Civic está empolgando. Mas pode ser que canse, nunca se sabe, no caso de desenhos muito ousados. Por dentro, o antigo Civic tinha inovado com o painel em dois níveis, mas o novo voltou ao padrão convencional. Portanto, o design já separa os consumidores. Se você é mais tradicional, fique com o Corolla. Se é mais ousado, opte pelo Civic. Se é mais equilibrado, prefira o Cruze. O mesmo vale para o conforto ao rodar. O Toyota é o mais macio dos três. O Honda tem as suspensões mais duras. O Chevrolet fica no meio-termo entre conforto e esportividade.

As versões mais vendidas desses carros são as que estão na faixa de R$ 90 mil a R$ 98 mil. O Civic tem uma versão mais barata (R$ 87.900), só que o câmbio é manual. Nem vou considerar, pois a maioria hoje quer carro automático. Também não vou considerar as versões 1.8 do Corolla (bem mais baratas), pois são mal equipadas (nem o rádio é de série). Já as versões topo de linha passam de R$ 105.000 (o Civic tem uma com motor turbo de R$ 124.900). Quem compra esses carros não faz contas – apenas acha que “mais vale um gosto do que um tostão no bolso”.

Se a personalidade dos carros não for suficiente para fazê-lo decidir, a motorização é o próximo caminho. Nesse item, a vantagem entre os três sedãs é claramente do Cruze. É o único dos três que oferece um motor turbo nessa faixa de preço. Está up-to-date com a tendência mundial, ou seja, cilindrada baixa, potência alta e consumo baixo. O motor turbo do Cruze tem 1.4 litro e entrega 153 cavalos. O Corolla e o Civic usam motor 2.0 convencional de 154 e 155 cavalos, respectivamente.

Isso com etanol. Quando abastecidos com gasolina, a potência do Cruze e do Civic cai para 150 cv e a do Corolla despenca para 143. Mas a agilidade do carro tem a ver também com o torque. E o do Cruze é quase 5 kgfm maior do que o dos rivais japoneses. O Cruze têm câmbio automático de seis marchas e os japoneses têm transmissão do tipo CVT (não existem marchas e o ronco é sempre o mesmo). Para reduzir a chatice do câmbio continuamente variável, o Corolla e o Civic têm borboletas que podem simular trocas de marcha.

Finalmente, na faixa analisada, o Chevrolet Cruze é o mais econômico. Faz 14,0 km/l de gasolina na estrada, contra 12,9 do Civic e 12,6 do Corolla. Na cidade, o Cruze também ganha ao fazer 11,2 km/l de gasolina, contra 10,6 dos dois rivais japoneses. Quanto aos números de mercado, parece que a maioria é conservadora mesmo. No último mês o Corolla vendeu 4.797 unidades. O Civic estreou com 2.820 e o Cruze está em terceiro no ranking com 1.442 vendas.