Os alunos Gustavo Barros e Lívia Antunes tiveram a oportunidade nesta terça-feira de matar um pouco a saudade do Brasil. Morando em Lima, no Peru, desde o início do ano, eles foram com a escola assistir às brasileiras do basquete de cadeira de rodas enfrentar os Estados Unidos pelos Jogos Parapan-Americanos.

Os dois estavam em meio a mais de 1,5 mil crianças, de oito instituições de ensino diferentes, que circularam durante o dia pelo Complexo Esportivo de Videna. Gustavo e Lívia tiveram o apoio dos colegas peruanos na torcida pelo Brasil, que acabou perdendo a partida por 57 a 42 para as norte-americanas. Mesmo com a derrota, o time nacional garantiu a classificação e agora aguarda o adversário da semifinal.

A ideia de levar as escolas para os complexos esportivos em eventos desse tipo é comum, acontece em competições olímpicas e paralímpicas. Em Lima, o Comitê Organizador dos Jogos visitou diversas escolas particulares antes do início do evento, fez uma apresentação sobre a competição e vendeu pacotes de ingressos para as competições durante a semana, no período das aulas.

Os brasileiros estudam em um colégio militar, o Liceo Naval Almirante Guise. Os pais de ambos são da Marinha. Gabi Marchan, professora de Gustavo e Lívia no quarto ano, disse que desde o início o colégio se interessou pela visita ao Parapan, pois tem como filosofia integrar crianças com qualquer tipo de deficiência.

“Tentamos envolver os alunos com essa realidade. Para que se familiarizem com o tema. Para que vejam ao vivo e não apenas por vídeo ou que ouçam a gente falar na sala de aula. É importante saberem da importância de pensar em um País mais inclusivo”, comentou.

Jessica Ortega, que dá aula para a quinta série, acrescentou. “Nos queixamos tanto de tantas coisas…. Essas moças do basquete são um exemplo claro de superação. As aulas afora eles estão vendo tudo o que dizemos nas aulas. É uma experiência transformadora”.

Coordenador pedagógico do Markham College, Adrian Lee, estava responsável por cerca de 300 crianças de 7 a 9 anos de sua escola. Ele ia a vinha das arquibancadas, e junto com outras professoras organizava a ida dos alunos ao banheiro.

“Mundo esportivo é importante para criar mais sensibilidade, para promover a inclusão e a sensação positiva. No Peru e em muitas partes do mundo cria-se a imagem negativa sobre a deficiência, de que pode impedir alguém de fazer algo. Aqui a ideia é mostrar que se pode ter uma vida normal e até competir em alto nível”, comentou.

O Comitê Organizador Local informou que 130 mil ingressos foram comercializados até agora no Parapan, incluindo a cerimônia de abertura e todas as competições. O número inclui também os pacotes negociados com as escolas. Ainda não foi consolidada a renda da competição.