Algumas escolas para crianças afegãs no Paquistão começaram a ser fechadas nesta segunda-feira (30), ante o temor de suas famílias pelo início das deportações de migrantes em situação irregular para seus países de origem.

O Paquistão deu um prazo de até 1º de novembro para que os indocumentados que vivem em seu território – entre eles 1,7 milhão de afegãos – deixem-no voluntariamente, sob pena de expulsão.

Para as jovens afegãs que estudam no Paquistão, isso significa voltar para um país onde as crianças não podem ir à escola depois do ensino fundamental.

“Viemos aqui para nos educar, para ter uma vida boa”, contou à AFP Nargis Rezaei, adolescente de 16 anos que chegou ao Paquistão depois que os talibãs voltaram ao poder em Cabul em agosto de 2021.

As mulheres no Afeganistão não têm “absolutamente nenhuma liberdade”, acrescentou.

Cinco escolas da capital paquistanesa, Islamabad, e da cidade vizinha Rawalpindi, que costumam acolher 2.000 alunos afegãos, serão fechadas indefinidamente após as últimas aulas desta segunda, declarou um professor sob anonimato.

Segundo alguns professores, os fechamentos ocorrem, devido à diminuição de dois terços da presença nos últimos dias, já que os alunos temem que a polícia os leve, caso saiam de casa.

Segundo a ONU, 600.000 afegãos entraram no Paquistão desde agosto de 2021.

Desde a chegada dos talibãs ao poder, a situação da segurança no Paquistão piorou pelo aumento de atentados, que o país imputa a grupos baseados no Afeganistão.

Os talibãs qualificaram de “injusta” a decisão de expulsar os refugiados afegãos no Paquistão, e a ONU advertiu que recorrer a expulsões forçadas pode levar a “uma catástrofe em termos de direitos humanos”, especialmente para mulheres e crianças.

sjd-jts/cyb/bds/hgs/mb/dd/tt