Um quarto da população mundial, que depende do degelo do Himalaia para seu abastecimento de água, enfrenta um risco muito grave de escassez este ano devido à significativa diminuição das nevascas no topo dessa cordilheira, alertaram cientistas nesta segunda-feira (17).

Na região, o derretimento contribui com aproximadamente um quarto do volume total de 12 grandes bacias hidrográficas que nascem em altitudes elevadas, de acordo com o relatório.

“Trata-se de um sinal de alerta para os pesquisadores, os responsáveis políticos e as comunidades que vivem águas abaixo”, disse o autor do relatório, Sher Muhammad, do Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das Montanhas (Icimod), com sede no Nepal.

“O menor acúmulo de neve e a flutuação dos níveis desta aumentam consideravelmente o risco de escassez de água, especialmente este ano”, ressaltou.

Segundo a organização, a neve e o gelo do Himalaia são uma fonte de de água essencial para os 240 milhões de pessoas que vivem nas regiões montanhosas e o 1,65 bilhão que habita em suas bacias em vários países.

– Baixa persistência da neve no solo –

O relatório mediu o tempo que a neve permanece no solo. Este ano, os níveis diminuíram em quase um quinto do normal em toda a região de Hindu Kush, na cordilheira que leva o mesmo nome no Paquistão e Afeganistão, e no Himalaia.

“Este ano, a persistência da neve (18,5% abaixo do normal) é a segunda mais baixa dos últimos 22 anos, logo após o recorde de 19% estabelecido em 2018”, indicou Muhammad à AFP.

Além do Nepal, o Icimod inclui Afeganistão, Bangladesh, Butão, China, Índia, Mianmar e Paquistão.

De acordo com a entidade, que tem monitorado a neve na região há mais de 20 anos, 2024 é particularmente incomum.

A bacia do Ganges, que atravessa a Índia, apresenta a “persistência da neve mais baixa” já registrada pelo Icimod, 17% abaixo da média.

No Afeganistão, por sua vez, a bacia do rio Helmand também registrou seus segundos níveis mais baixos de persistência da neve, 32% abaixo do normal.

E a bacia do rio Indo caiu 23% em relação ao normal, enquanto a do Brahmaputra, que chega a Bangladesh, registrou uma persistência da neve de 15%, “notavelmente inferior ao normal”.

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