06/11/2024 - 9:32
Em nosso último encontro, falei um pouco sobre a importância de ler livros e o quão formidável é viajar pelas histórias narradas em cada página. Se ver no personagem ou como observador daquela cena é algo que estimula a nossa criatividade e mantém o cérebro ativo. Mas o que não contei é que muitas pessoas constroem seus sonhos e suas personalidades com base naquilo que leram em determinado momento de suas vidas.
Eu, por exemplo, guardo com muito carinho minhas aulas de história. Isso porque viajava para os tempos antigos enquanto estudava para as provas ou conhecia um pouco mais sobre determinada época. Um exemplo disso era o fato de ser de família italiana e ir com frequência à Itália, o que fazia com que eu assimilasse mais o conteúdo, me imaginasse na época da Roma antiga e ainda pudesse ver o cenário, ainda que em ruínas, diante dos meus olhos.
Ok! Nosso #Escapes de hoje não é sobre volta às aulas, mas sobre fazer algo que se quis desde cedo e que só existia nos livros. Te explico…
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Nosso destino da vez foi a Riviera Maya, local banhado pelo mar do Caribe, em Quintana Roo, no México. Praias paradisíacas, floresta tropical, sol brilhando, tequilas, comidas exóticas para o nosso paladar e uma cultura forte e misteriosa que surgiu com a civilização Maia no período de 250 a 900 d.C.
E é por aqui que começamos. A ideia inicial da visita era explorar o local que tem ganhado cada vez mais notoriedade turística. A parada final foi Fairmont Mayakoba, um resort de aproximadamente 97 mil hectares, com 401 quartos, cinco piscinas, Kids Club (sim, como mãe sempre me atento a isso), campo de golfe, 116 vilas no meio da vegetação e, o mais bacana, construído entre canais – por isso, “Mayakoba”, que significa “cidade sobre as águas”.
Bom, até aqui, o cenário é perfeito! O buffet do café da manhã é esplendido (ganhei 2 quilinhos sem culpa) e, de quebra, um spa (nada básico) para relaxar. Em resumo: é possível ver no vídeo ao final da matéria que essa é a escapada perfeita para quem quer acionar o modo “relax”.
Mas como o lance é conhecer o local e não apenas ficar no hotel… Lembram das aulas de história? Pois bem, lá estava eu, na região que abrigou uma grande civilização que inspira a cultura até os dias atuais. E como não vivenciar uma experiencia diferente?
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Já tínhamos feito uma degustação de tequilas harmonizadas com pratos típicos. Também tínhamos provado “pizza de formiga” (tortilhas com feijão negro, formigas chicatanas, tomate e avocado).
Mas queríamos mais. Assim, seguimos para a zona arqueológica de Coba, que tem como principal monumento a pirâmide de Nohoch Mul, também conhecida como o “Castillo”, com 42 metros de altura.
Após a escalada de degraus formados por pedras altas e largas, colocadas ali sabe-se lá como, me deparei com uma vista sensacional. No estilo 50 tons de verde, uma floresta fechada, com algumas ruínas à vista. Não me contive e mesmo rodeada de muitos turistas, me aquietei e meditei para sentir a atmosfera daquele local enigmático.
Algumas coisas são inexplicáveis ali, como a via sagrada maia ou “sacbé”, que fazia a conexão com a cidade de Yaxuna em perfeita linha reta e com extensão de cerca de 100 quilômetros.
Há também um observatório astrológico, que nos confirma a informação de que os maias tinham grande conhecimento em astrologia, o que deu origem ao calendário maia, que diverge do que usamos, mas que é resultado de calendários interconectados, frutos da medição do tempo extremamente precisa feita por esse povo – são 18 meses que contém 20 dias cada, o que nos leva a 360 dias por ano.
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Outra característica forte da civilização era o amplo conhecimento em medicina. Ela acontecia nas mãos de poucos xamãs, formados tanto em ciência médica quanto em bruxaria. Vários alucinógenos, eram utilizados tanto em rituais religiosos quanto no cotidiano. Por isso, as plantas eram consideradas sagradas por sua capacidade de conectar o mundo terreno com o mundo dos espíritos – o que explica a forte energia que os visitantes sentem naquele local.
O desaparecimento do povo maia continua sendo um dos maiores mistérios da história. Contudo, nem por isso a cultura e os rituais foram esquecidos. Encontrar com um descendente ou guerreiro maia foi algo singular para todos nós. O idioma, vestimenta, dança e sons fizeram com que ficássemos paralisados, admirando as boas vindas que nos deram.
Outra situação que nos chamou atenção aconteceu quando nos deparamos com um Xamã, uma família e um bebê na praia. Concluímos que ali, diante da luz do dia, em meio a movimentação dos banhistas, acontecia um batismo xamãnico.
Está achando tudo muito diferente? Não te culpo. O México tem dessas coisas. O mistério e a espiritualidade estão em tudo. A morte é celebrada. Caveiras e esqueletos são adornos comuns. As vilas parecem estar sempre em festa, com suas bandeirinhas coloridas. Santos estão por todas as partes. E as coisas têm nomes que significam algo a mais, como Mayakoba.
Em meio a tudo isso, cenotes podem ser passagens para simples mortais como nós, quando são, de fato, cavidades naturais cheias de água, usadas em alguns rituais de sacrifício da civilização Maia. O termo deriva de uma palavra utilizada pelos maias iucatecas das terras baixas: “Ts’onot”, que se refere a qualquer local com águas subterrâneas acessíveis.
E dessa forma, a cada novo “escape”, faço menos do mesmo e vivo melhor!
Vídeo: Imagens Axel Basurto / Edição Final Claudio Paulino