O escândalo de subornos envolvendo o grupo Odebrecht atingiu César Villanueva, ex-primeiro-ministro do presidente Martín Vizcarra, que tem como sua principal bandeira o combate à corrupção.

O primeiro-ministro de Vizcarra entre março de 2018 e março de 2019 pediu nesta quarta “licença” a seu partido, após dois ex-funcionários da Odebrecht no Peru declararem na véspera a procuradores peruanos enviados ao Brasil que entregaram 60 mil dólares a Villanueva quando ele era governador do estado amazônico de San Martín.

Os depoimentos dos ex-funcionários da Odebrecht Jorge Barata e Ricardo Boleira fazem parte do acordo de colaboração com a procuradoria peruana, e foram publicados pelo site IDL-Reporteros, dirigido pelo jornalista Gustavo Gorriti.

“A Odebrecht fez dois pagamentos de 30 mil dólares ao ex-premier César Villanueva, sob o codinome de ‘Curriculum vita’, no caso da estrada San José de Sisa. Os pagamentos foram ordenados por Eleuberto Martorelli”, diretor da Odebrecht, revela a IDL-Reporteros no Twitter.

Segundo Barata, o dinheiro foi entregue em espécie a Villanueva em 2009, quando era governador de San Martín (2007-2013).

Villanueva nega ter recebido suborno, segundo o legislador Luis Iberico, chefe da bancada da Aliança para o Progresso.

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“Ele nega a denúncia”, disse Iberico aos jornalistas, acrescentando que Villanueva pediu “licença partidária” para não prejudicar o partido durante as investigações.

O presidente Vizcarra se disse surpreso com a denúncia contra Villanueva e declarou que aguardará o esclarecimento dos fatos.

“Respeito o ex-premier Villanueva, a notícia nos surpreende. Mas mantendo a coerência com nossa luta frontal contra a corrupção e como disse em outros casos, esperamos a investigação dos fatos para determinar a verdade”.

Villanueva, 73 anos, legislador da Aliança para o Progresso, ficou conhecido no início de 2018, como um dos promotores da segunda tentativa de impeachment do então presidente Pedro Pablo Kuczynski, exatamente por suas ligações com a Odebrecht.

Kuczynski renunciou em março de 2018, o que levou Vizcarra, seu vice, à presidência do Peru.

Entre os documentos entregues aos procuradores peruanos está uma lista de advogados e jornalistas que receberam por “assessorias” à Odebrecht, identificados por codinomes e como “caixa 2”.

Os quatro antecessores de Vizcarra – que governaram o Peru entre 2001 e 2018 – foram atropelados pelo escândalo Odebrecht: Alejandro Toledo, o falecido Alan García, Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski.

A investigação do caso “Lava Jato/Odebrecht” também envolveu Keiko Fujimori, a líder da oposição que lidera a Força Popular e filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000).


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