O escândalo de doping organizado pelo governo da Rússia chega até o futebol, coloca sérias dúvidas sobre os organizadores da Copa do Mundo de 2018 e joga por terra o discurso da Fifa de que o doping no esporte mais popular do mundo não é relevante.

Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S.Paulo e que foram usados no relatório da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) apontam que, entre 2011 e 2016, pelo menos 13 jogadores pegos em testes de doping na Rússia foram protegidos e seus exames foram trocados por testes limpos.

De acordo com os documentos, o esquema no futebol foi coordenado pelo próprio ministro dos Esportes, Vitaly Mutko, que é um dos membros do Conselho da Fifa, além de acumular a função de organizador da Copa do Mundo de 2018 e de presidente da Federação Russa de Futebol.

A revelação coloca pressão sobre a Fifa. A entidade garante que irá examinar a situação, mas, até que os documentos da Wada sejam transmitidos, nenhum processo será aberto.

A Fifa afirmou que não seria direcionada a ela uma ordem do Comitê Olímpico Internacional (COI) para que todas as federações esportivas retirem a Rússia de torneios internacionais. Em 2017, o país será a sede da Copa das Confederações e, em 2018, a Copa do Mundo.

Em mais de 100 páginas do documento da Wada, Vitaly Mutko é citado em mais de 20 vezes. Mas, para o presidente Vladimir Putin, não há motivo para suspendê-lo. “Mutko não é mencionado como autor”, disse o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov. Velho aliado de Putin, Mutko ajudou o atual presidente a organizar o primeiro evento internacional (Jogos da Boa Vontade) após o fim da União Soviética, em 1994.