Escândalo das vacinas na Argentina: presidente pede renúncia do ministro da Saúde

Escândalo das vacinas na Argentina: presidente pede renúncia do ministro da Saúde

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, solicitou a renúncia de seu ministro da Saúde após a denúncia nesta sexta-feira (19) de que seus parentes haviam sido vacinados contra a covid-19 em seu gabinete, sem ter que esperar sua vez como os demais argentinos.

Fernández “deu a indicação ao chefe de gabinete (Santiago Cafiero) para pedir a renúncia do ministro da Saúde”, Ginés González García, disse à AFP uma fonte do governo.

As vacinações “privilegiadas” na sede do Ministério da Saúde foram reveladas no mesmo dia em que a cidade de Buenos Aires disponibilizou a solicitação de agendamentos online para a imunização de pessoas com mais de 80 anos a partir da próxima segunda-feira, sistema que entrou em colapso quase de imediato devido à enorme demanda.

Até agora, na Argentina, apenas os profissionais de saúde foram vacinados. Só na quarta-feira começou a vacinação para maiores de 70 anos na província de Buenos Aires.

O escândalo estourou depois que o jornalista Horacio Verbitsky disse nesta sexta na rádio que, graças a sua longa amizade com o ministro, conseguiu se vacinar em seu gabinete.

Além da atuação como jornalista, Verbitsky, de 71 anos, também preside o Centro de Estudos Legais e Sociais, dedicado aos direitos humanos.

Segundo a imprensa local, outras pessoas próximas ao governo também foram vacinadas no Ministério da Saúde.

A Argentina, com 44 milhões de habitantes, acumula mais de dois milhões de infecções pela covid-19 e ultrapassa as 50 mil mortes.

A vacinação começou no país no final de dezembro com a Sputnik V, do laboratório russo Gamaleya. O presidente Fernández e a vice-presidente Cristina Kirchner, ambos na casa dos 60 anos, foram vacinados diante das câmeras para transmitir confiança na vacina.

Até o momento, a Argentina recebeu 1,22 milhões de doses da Sputnik V e 580 mil da Covishield, vacina do Serum Institute of India.

O plano de imunização argentino inclui, mais a frente, vacinas da aliança britânica Oxford/AstraZeneca e de outros contratos, inclusive por meio do mecanismo de cooperação internacional Covax, totalizando 62 milhões de doses.