01/02/2024 - 9:54
Um vídeo gravado com uma câmera escondida, no qual se vê a primeira-dama sul-coreana aceitando uma bolsa de luxo como presente, deixou o presidente Yoon Suk Yeol em meio a uma polêmica que pode prejudicar seu partido nas próximas eleições legislativas.
O escândalo, batizado pela imprensa local como o “escândalo da bolsa Dior”, afundou ainda mais os baixos índices de aprovação de Yoon e desencadeou uma tempestade em seu partido poucos meses antes das eleições, nas quais ele busca recuperar a maioria parlamentar.
Um pastor de esquerda, que desaprova a política de Yoon para a Coreia do Norte e diz estar preocupado com a influência da primeira-dama no governo, usou uma câmera escondida para se gravar dando a Kim Keon Hee uma bolsa Christian Dior avaliada em US$ 2.200 (R$ 10.896 na cotação atual).
Esse presente viola a lei sul-coreana que proíbe funcionários públicos e seus cônjuges de aceitarem presentes de valor superior a US$ 750 (R$ 3.714 na mesma cotação).
O gabinete do presidente recusou o pedido da AFP para comentar o ocorrido.
Um funcionário do gabinete de Yoon disse à agência de notícias sul-coreana Yonhap que o presente foi “armazenado”, de acordo com as leis.
Durante semanas, o partido da situação ignorou o incidente da bolsa e nem o presidente nem sua esposa abordaram o assunto publicamente.
No mês passado, porém, Kim Kyung-yul, membro do partido de Yoon, comparou a situação da primeira-dama à de Maria Antonieta, a rainha francesa conhecida por seu estilo de vida luxuoso.
A imprensa local afirmou que Yoon estava furioso e queria destituir Kim por isso, enquanto outros legisladores defenderam a primeira-dama, denunciando uma “campanha de difamação” e culpando o pastor por ter “más intenções”.
O pastor Choi Jae-young, que defende a melhora dos laços com Pyongyang e já visitou a Coreia do Norte em diversas ocasiões, disse que decidiu filmar seu encontro com a primeira-dama por estar preocupado com seu poder no governo. Ele disse ter visto a primeira-dama ordenar a nomeação de um funcionário de alto escalão na área financeira em uma conversa telefônica.
“Fiquei horrorizado ao ver Kim exercendo o poder como se estivesse encarregada das nomeações oficiais”, disse Choi.
O Ministério Público abriu uma investigação sobre Choi, de acordo com a imprensa local.
O “escândalo da bolsa Dior” prejudicou os já baixos índices de aprovação de Yoon, o que, segundo analistas, poderia enterrar as perspectivas de seu partido nas eleições de abril.
De acordo com uma pesquisa recente da emissora local YTN, quase 70% dos entrevistados acreditam que Yoon deveria abordar publicamente o assunto.
O estrago provocado pelo incidente poderia ter sido contido, se Yoon tivesse explicado antes o que aconteceu. Agora, porém, pode “reduzir a aprovação de Yoon e de seu partido para as eleições de abril”, disse à AFP o advogado e comentarista político Yoo Jung-hoon.
A primeira-dama não fala publicamente há mais de um mês.
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