Coluna: Mineração S.A.

Com 10 anos na área de mineração, Gabriel Guimarães é advogado especialista do setor mineral, com atuação em empresas nacionais e estrangeiras.Também com 10 anos de atuação no setor, Eduardo Couto é presidente da Comissão Especial de Direito Minerário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), vice-presidente jurídico e institucional do Grupo Cedro Participações e conselheiro do Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra).

Escalada nas tensões comerciais entre China e EUA

REUTERS/Aly Song
Babdeiras da China e dos EUA em um prédio em Xangai Foto: REUTERS/Aly Song

A decisão da China de proibir a exportação de minerais essenciais como gálio, germânio e antimônio aos Estados Unidos representa mais um capítulo da crescente disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo. Os minerais são estratégicos para indústrias de tecnologia e defesa, e a medida reflete a disposição de Pequim em restringir o acesso a recursos críticos em resposta às crescentes sanções norte-americanas. A proibição, anunciada pelo Ministério do Comércio Chinês, entra em vigor imediatamente e é acompanhada de uma revisão mais rigorosa sobre o uso de grafite exportado aos EUA.

Dados indicam que os EUA já enfrentavam quedas significativas no fornecimento desses materiais antes da nova restrição. Até outubro de 2024, o país não havia recebido remessas de gálio e germânio da China, enquanto as exportações de antimônio caíram 97% em relação ao mês anterior. Diante disso, empresas norte-americanas ligadas à mineração, como a Perpetua Resources e a United States Antimony, defendem a expansão de projetos domésticos para reduzir a dependência do mercado chinês. No entanto, especialistas alertam que o desenvolvimento de novas minas é um processo lento e custoso.

Essa disputa também evidenciou a vulnerabilidade das cadeias de suprimentos ocidentais em relação à dependência de recursos estratégicos chineses. Enquanto o mercado internacional vê os preços do antimônio dispararem – um aumento de 228% desde o início do ano – especialistas, como Peter Arkell, afirmam que essa “guerra comercial” não trará vencedores. A medida chinesa ocorre logo após os EUA ampliarem sanções contra empresas de semicondutores chinesas, alimentando ainda mais a tensão.

Além das implicações econômicas, a escalada reforça a urgência de diversificação das cadeias de suprimentos. Autoridades norte-americanas destacaram a necessidade de alianças estratégicas com outros países para reduzir a dependência da China. A resposta de Pequim também inclui iniciativas domésticas, com grupos industriais encorajando o uso de semicondutores fabricados no país, em uma clara tentativa de minimizar a dependência de tecnologias ocidentais.

O cenário de intensificação nas restrições comerciais reflete não apenas os interesses estratégicos de ambas as nações, mas também um realinhamento nas dinâmicas globais de comércio e poder econômico. Com a posse do presidente eleito Donald Trump em janeiro, espera-se que a relação bilateral continue a ser marcada por medidas de retaliação e disputas de grande impacto global.

Com informações de CNN